Mensagem da CNBB para o Dia do/a Trabalhador/a
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou hoje uma mensagem saudando os trabalhadores pela data 1º de maio. A mensagem faz referência ao papa João Paulo II, beatificado nesta manhã, em Roma, afirmando que “ele [João Paulo II] Mensagem da CNBB para o Dia do Trabalhador e Trabalhadora”.
A CNBB aos se fazer “solidária à classe trabalhadora brasileira” manifesta preocupações em relação à desregulamentação social “que vem se impondo às relações trabalhistas”, condena o fato de o “sagrado direito do trabalhador ao descanso semanal” ter ficado “seriamente comprometido”, e denuncia a exploração do trabalho e as situações de trabalho escravo, sem deixar de reconhecer as “milhares de iniciativas de trabalho”.
“Essas desafiantes realidades no mundo do trabalho nos obrigam a prosseguirmos na luta pelo trabalho livre, digno, remunerado com justiça e que respeite a pessoa do trabalhador e o meio ambiente”, afirma a CNBB.
Leia, abaixo, a íntegra da mensagem.
Neste 1º de maio, dia do trabalho, celebra-se também em Roma, um grande acontecimento: a beatificação do papa João Paulo II. Ele acompanhou de perto as grandes mudanças culturais, políticas e econômicas ocorridas no final do milênio, fazendo-se ele próprio um dos protagonistas dessas mudanças.
Neste dia do trabalhador e da trabalhadora, a CNBB, fazendo-se solidária com a classe trabalhadora brasileira, quer manifestar suas preocupações com o que vem acontecendo hoje no mundo do trabalho, consciente de que se trata de amplo debate político sobre as opções econômicos às quais o trabalho está sendo submetido.
A desregulamentação social que vem se impondo às relações trabalhistas, está atingindo de cheio a vida da classe trabalhadora. Muitas conquistas seguidamente são desrespeitadas pelo poder publico e pelas corporações econômicas nacionais e internacionas.
O sagrado direito do trabalhador ao descanso semanal ficou seriamente comprometido. Acentua-se o ritmo acelerado de execução das grandes obras de infraestrutura, com contratos coletivos de trabalho, que acabam esgotando rapidamente a capacidade do trabalhador e sua resistência física. Basta lembrar, recentemente, os problemas acontecidos nas obras das represas de Jirau e Santo Antonio, no Rio Madeira, em Porto Velho, Rondônia.
Continua a exploração do trabalho, sob formas novas e de diversas maneiras. Ainda persistem em nosso país situações de trabalho escravo, inclusive, utilizando-se de crianças e adolescentes, que o poder público procura combater com severidade.
Doutro lado, multiplicam-se milhares de iniciativas de trabalho em mutirões, visando o bem comum, em múltiplas formas de economia solidária, onde o fruto do trabalho é um bem coletivo. O trabalho humano permanece sendo um meio indispensável de sobrevivência e lugar de desenvolvimento das capacidades das pessoas, e que as habilita para o desenvolvimento da sociedade.
Essas desafiantes realidades no mundo do trabalho nos obrigam a prosseguirmos na luta pelo trabalho livre, digno, remunerado com justiça e que respeite a pessoa do trabalhador e o meio ambiente. É necessário provocar uma mobilização nacional que envolva desde as comunidades eclesiais, os movimentos sociais, os sindicatos, os órgãos de administração pública, municipal, estadual e federal, para lançar mão de todos os recursos humanos e materiais, a fim de acelerar o processo de ampliação de oportunidade de trabalho digno para todos.
O Beato João Paulo II, que tanto amou a classe trabalhadora, continue a interceder, lá no céu, pelo bem de toda a humanidade e nos ensine sempre a reconhecer no trabalho humano a realidade mais importante, fundamental e decisiva da vida em sociedade.
Brasília, 1º de maio de 2011
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB