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Jovens do Amapá sofrem sem políticas públicas


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Numa região sem curso universitário e onde as chances de emprego são raras, a oferta das drogas e da prostituição acaba atraindo a atenção da juventude. Esta foi a reflexão de um grupo de jovens que se prepara para receber o Crisma na comunidade Nossa Senhora da Conceição, de Calçoene, cidade que fica a 384 quilômetros de Macapá (AP).

O grupo partilhou as suas dificuldades com a assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Amazônia, Ir. Irene Lopes da Silva. Junto com outras duas religiosas, Ir. Henriqueta Cavalcante do Regional Norte 2 e Ir. Osnilda Lima, da revista Família Cristã, ela visitou diversas comunidades do estado do Amapá e também na Guiana Francesa, em agosto passado. Salete Hallack também participou da viagem, em nome do movimento Humanos Direitos, do Rio de Janeiro.

Ir. Irene relata que o descaso do poder público com a região leva os jovens a sair da cidade, em busca de uma vida melhor. “Contam que se alguém deseja continuar estudando após a conclusão do ensino médio, precisa alugar uma quitinete em Macapá. No entanto, a maior parte das famílias não possuem condições financeiras e o jovem não têm como continuar estudando”.

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A cidade de Calçoene possui quase 9 mil habitantes, segundo o último Censo. Só a avenida principal da cidade tem asfalto, e mesmo assim, cheio de buracos. A economia da cidade está baseada em atividades como criação de búfalos, colheitas de frutas da floresta, funcionalismo público e o comércio. Mas principal fonte de renda das famílias vem da extração de ouro e a pesca.

Um problema grave apontado pelos crismandos no encontro com as missionárias é o alto índice de meninas que engravidam entre 12 a 15 anos de idade. “Elas relatam que é pela falta de perspectivas que engravidam. Acreditam ser a única alternativa para mudar, contudo muitos namorados não assumem o filho, e os pais as põem para fora de casa”, relata Ir. Irene.

As missionárias conversaram com os jovens sobre a realidade das drogas na cidade, e ouviram relatos da grande oferta disponível. Irene conta que uma adolescente afirma que uma pessoa chegou até ela, apresentou a droga e disse: “Você não quer trabalhar com a gente? Trabalhar com isso dá muito dinheiro, sabia?”. Junto com o relato, uma constatação em forma de desabafo. “Sem futuro para nós aqui, quem é fraco vai mexer com isso, mas sabemos que a vida é curta para quem se envolve com as drogas”.

calcoenejovensmaejovem2012Os jovens também denunciaram o esquema que atrai adolescentes para trabalhar na cidade de Oiapoque, que fica a 216 quilômetros da de Calçoene. “Mas ao chegar lá, tudo muda e o sonhado trabalho acaba se tornando um drama. As meninas são obrigadas a se prostituírem em bordéis e chegam lá devendo. Dificilmente conseguem quitar as despesas”, conta Irene.

De acordo com o relato ouvido pelas missionárias, algumas meninas são vendidas e levadas para Caiena, capital da Guiana Francesa. De lá, seguem para outros países.

“Os adolescentes sonham com dias melhores para eles e toda a Calçoene. Desabafam que é crítico na questão da saúde, da cultura e do entretenimento. O que funciona razoavelmente é educação”, conta Irene.



Teias da Comunicação

Equipe Nacional de Comunicação da PJ "Teias da Comunicação"

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