Fórum Social da Arquidiocese de Mariana – MG
A conquista do poder popular, a preservação do Planeta Terra e a construção de democracia com justiça social são as três metas definidas pelo 4º Fórum Social da arquidiocese de Mariana, realizado na cidade de Ponte Nova (MG), nos dias 29 de julho a 1º de agosto. As metas estão contidas na Carta-compromisso, aprovada pelos 500 participantes do Fórum.
“Não temeremos fazer os caminhos e praticar as ações que visem à conquista do poder popular, à preservação do Planeta Terra e à construção da verdadeira democracia, com justiça social”, diz a carta.
A arquidiocese reafirma, no texto, seu compromisso com os pobres. “Assumimos o compromisso com a globalização da solidariedade a partir de nossa opção preferencial pelos pobres, firmados na palavra do papa Bento XVI: ‘A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza’”.
A carta enumera sete compromissos assumidos pelos participantes do evento: manter o espírito profético das pastorais, incentivar as lideranças a participarem dos Conselhos de Direitos, incentivar a economia solidária, investir na comunicação popular, apoiar os Movimentos Sociais, ajudar na elaboração de políticas públicas nos municípios e participar das ações da dimensão sociopolítica da arquidiocese.
Ecologia e economia
O Fórum discutiu o tema “Ecologia e economia a serviço da vida”. O arcebispo de Mariana e presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, destacou a importância do encontro para sua arquidiocese.
“O Fórum Social pela Vida representa um momento forte na caminhada de nossa Igreja, que não pode ficar fechada sobre si mesma”, disse dom Geraldo. “O Fórum é uma herança que recebemos do saudoso dom Luciano. Foi ele quem abriu a Igreja de Mariana para viver mais intensamente a dimensão sociopolítica”, completou, ovacionado pela assembleia.
O sociólogo Ivo Poletto, conferencista oficial do evento, acentuou os riscos que o Planeta Terra corre por causa da política desenvolvimentista adotada no país e no mundo.
“A terra está nos dando sua profecia com muitos sinais. Se não mudarmos o modo de fazer economia, vamos esquentar o planeta cada vez mais até o ponto de nós, seres humanos, não sermos capazes de viver aqui”, advertiu Poletto.
Já o poeta Zé Vicente, outro convidado para falar sobre o tema do Fórum, cantou e encantou a platéia. Na noite de sábado, 31, ele deu um show na praça da cidade para mais de mil pessoas.
Zé Vicente destacou a necessidade de “sermos da esperança”. “Sou da esperança, por isso estou aqui. Precisamos trilhar o caminho do encantamento e da esperança”, disse.
“A utopia é o sonho teimoso que faz a gente andar para frente. O caminho da arte pode ser importantíssimo para a gente trabalhar a questão do que nós chamamos de força popular, no patamar da cultura popular. Se um dia não tivesse a arte, a poesia, a dança, o que seria de nós?”, acrescentou o cantor.
Caminhada
Um gesto que chamou a atenção da população de Ponte Nova, na manhã de domingo, 1º, após a missa de encerramento do Fórum, foi o abraço ao rio Piranga. O rio corta a cidade e é ameaçado por barragens e pelo descuido humano. Uma longa caminhada, da qual dom Geraldo participou, percorreu as principais avenidas da cidade, animada por um trio elétrico com músicas e gritos de ordem.
Outra atividade que marcou o Fórum foram as 17 oficinas que trabalharam vários temas ligados ao tema geral do evento. Cada oficina indicou algumas prioridades que serão encaminhadas pela dimensão sociopolítica da arquidiocese. O nome do novo coordenador da dimensão, padre Geraldo Barbosa, foi oficialmente anunciado pelo arcebispo no encerramento do Fórum.