Carta-Aberta da Pastoral da Juventude pós o 14° Intereclesial das CEBs
“E nós cremos na Igreja Mãe que é comunidade
E tem sabor de CEBs para nós…”
Credo das CEBs – Carlos Tursi
A Pastoral da Juventude do Brasil, por meio de sua Secretaria Nacional, Coordenação Nacional e Comissão Nacional de Assessoras/es, em unidade com os milhares de grupos de jovens espalhados pelo nosso país, deseja partilhar abertamente as reflexões que brotaram da participação no 14° Intereclesial das CEBs, ocorrido de 23 a 27 de Janeiro na Arquidiocese de Londrina/PR.
Manifestamos, inicialmente, grande alegria com a presença significativa e numericamente expressiva de jovens como delegados e delegadas de suas dioceses ou como participantes das equipes de trabalhos do 14º Intereclesial, e que em suas identidades também carregam a marca da Pastoral da Juventude. Com certeza, como jovens, tivemos a graça do encontro e da partilha que, como profecia, promovem tanta vida! Agradecemos à organização do Intereclesial por todas as possibilidades que essa abertura e essa integração proporcionam.
Reconhecemos as CEBs como fonte do modelo de organização eclesiológica que acreditamos e que diariamente construímos e sonhamos. Assim sendo, reafirmamos nosso compromisso, como irmãos e irmãs em comunhão, de levar adiante essa proposta a partir da vivência desse jeito de ser em nossas comunidades eclesiais.
Nosso modo de organização, como Pastoral da Juventude, dá-se de forma orgânica e estreitamente ligada às comunidades eclesiais de base. Não podemos ser PJ sem essa vivência primordial. Quando nos desligamos das comunidades, deixamos de ser pastoral. Na construção dessa relação umbilical, as CEBs do Brasil foram e continuam sendo um dos maiores referenciais para nossa organização e missão.
Há poucos dias, vivemos o 12° Encontro Nacional da Pastoral da Juventude em Rio Branco/AC, ocasião em que pudemos refletir sobre a complexidade da conjuntura sociopolítica nacional, bem como reconhecer a pluralidade de compreensões que esse quadro atual desperta. Respeitamos e acolhemos como riqueza essa multiplicidade de olhares, e buscamos nos concentrar na unidade que mora em um sonho comum de vivermos a Civilização do Amor. Apostamos em um caminho que, inspirado no referencial utópico dos povos originários da América Latina, chamamos de sociedade do Bem Viver, e sabemos que, para torna-la realidade entre nós, precisamos enfrentar e superar os atuais conflitos e as contradições de uma sociedade pautada no paradigma do poder financeiro, patriarcal e pouco democrático.
Assim como as CEBs, a Pastoral da Juventude, por sua opção clara, aberta e plural de sociedade e de Igreja, foi duramente atacada e violentada nas redes sociais por grupos fundamentalistas, preconceituosos, racistas e organizados para gerar divisão, o que é absolutamente contra todos os ensinamentos do Evangelho. Isso nos torna mais solidários e fraternalmente unidos com quem, de forma direta ou indireta, também se sentiu atacado por professar sua fé na Palavra de Vida e Libertação, e por acreditar em um mundo de maior igualdade e justiça.
Louvamos a Deus pelas CEBs tomarem como fruto do encontro e de sua caminhada histórica o compromisso de “incentivar o protagonismo das juventudes e combater seu extermínio”. Entendemos como profética essa opção, que reconhece o lugar da/do jovem em sua complexa realidade de vida, bem como incentiva o protagonismo dentro de um sistema que quer a juventude como massa de manobra na mão das hierarquias dominantes.
Pedimos a Deus, Pai e Mãe, que nos conduza, unidas/os pela Palavra e pela Eucaristia, a uma perfeita unidade, capaz de continuar a integrar as/os jovens nas comunidades locais e nas organizações de encontros e atividades das CEBs. Como pastoral organizada e que institucionalmente fala a partir de suas coordenações, a PJ reforça o desejo de estar presente na caminhada com todos os organismos que sonham, junto com nosso querido Papa Francisco, com uma Igreja em saída.
Mais uma vez manifestamos nosso desejo de experimentar, desde nossas comunidades, a espiritualidade e a profecia das CEBs, e como Pastoral da Juventude assumimos juntas/os todos os compromissos pautados na Carta do 14º Intereclesial.
Que as Mártires e os Mártires da Caminhada nos inspirem nessa opção que agora renovamos: a fidelidade à Pessoa de Jesus e ao Seu Projeto de vida em abundância, encarnado em cada Comunidade Eclesial de Base de todo o Brasil.
Cordialmente,
Davi Rodrigues da Silva
Secretário Nacional da Pastoral da Juventude
Coordenação Nacional da Pastoral da Juventude
Comissão Nacional de Assessoras/es da Pastoral da Juventude
Passo Fundo/RS, 29 de janeiro de 2018.