Carta do Assessor Marcelo Lemos para a Ampliada
Caros/as Jovens;
Saudações na missão que temos em comum e que nos anima na construção do Reino, “Enraizados e fundados em Cristo, firmes na fé” (Col 2,7). Paz da parte de nosso amor, e desejo toda Graça de Deus para que possam viver esses dias como Dom, para assumir a missão do Batismo que recebeis no Cristo, Filho de Deus: ser profetas e profetizas da Civilização do Amor.
Por ocasião dessa Ampliada Reunião, de amigos e amigas de Jesus, jovens vindos/as de tantos lugares desse imenso país, gostaria de partilhar três coisas com vocês.
A primeira, vocês como amigos e amigas de Jesus vivem uma prática desde as primeiras comunidades, que se reuniam para fazer Memória de Jesus. Em tudo a memória de Jesus a sua Páscoa, alimentava a vida. A Páscoa de Jesus é uma atualização dos sinais dos tempos na construção do Reino, com Fidelidade e Coerência.
Esse movimento de colocar-se na escuta dos sinais dos tempos exige muito de cada um e cada uma, o itinerário não pode ser feito, portanto, sem a escuta atenta ao Evangelho. Somente uma escuta fiel ao Evangelho nos conduz para a verdadeira Libertação, à plena Páscoa. E o “meu desejo é a vida do meu povo”, é, pois, a páscoa da Juventude. Sejam fieis ao Evangelho que serão coerentes em tudo que for decisão do grupo, como orientações para os caminhos à plena páscoa da Juventude. Rezai para que tudo quanto fizerdes tenhais que é Dom do Espírito Santo que habita em cada um e cada uma. Tudo seja auxilio e providência do Espírito de Amor.
A escuta da palavra poderá ser feita nas liturgias celebradas, no pão eucarístico partilhado, na vida da Juventude, no encontro entre vocês. Em nossos corpos estão palavras de vida. Voltemo-nos aos/às nossos/as jovens, e restituamos o Dom do Evangelho à Juventude, restituamos o Dom do Evangelho às Juventudes que estão também vivendo com legitimidade a construção de outro mundo possível em outras formas de evangelização dentro da comunidade igreja, e também em outras formas cristãs, não cristãs, de outras religiões.
Restituamos o Dom do Evangelho à Juventude vocacionada à Vida Religiosa e ao Ministério Presbiteral, reconheçamos neles/as formas de serviço à Vida da Juventude e ao povo de Deus. Restituam o Dom do Evangelho aos adultos que não conseguem por diversos fatores serem acompanhantes da Juventude, e aos adultos que estão no serviço apaixonado pela vida da Juventude nas suas diversas expressões. E o Dom do Evangelho é o Outro Mundo Possível, o outro Reino, anunciado na encarnação de Jesus Cristo. E dessa maneira, restituamos também a nós o do Dom do Evangelho. É restituindo aos jovens o Evangelho, a partir de uma organização sólida na fé, na esperança, na providencia, a partir das nossas mãos, que a civilização do Amor, seu marco referencial, será nós mesmos, como vivemos.
Segundo, depois de rezarmos nossas vidas, a vida da Juventude, as vidas do nosso povo coloquem com disposição sincera para nos perguntarmos: nosso coração arde pela missão na Pastoral da Juventude? E em que, e de que modo queremos estar a serviço? Como podemos viver a dimensão do testemunho fiel e coerente para criar um largo espaço de diálogo no anuncio da Boa Nova do Evangelho? Como ter uma fantasia criativa que supere os pecados do institucionalismo eclesiástico e sigamos nosso percurso na construção comunitária do Reino de Jesus? E isso implica nossa vida, nossas maneiras de viver, nossas posturas diante do mundo ai, e implica nossas relações com nossos bispos, padres, religiosos/as, com os/as leigos/as. Implica o tempo para jogar conversa fora, nossos estudos, namorar, um final de semana somente para ir à missa e celebrar com a comunidade, de maneira simples, implica: como está a vida? Se sairmos hoje desse serviço que fazemos nas estruturas de organização da pastoral, precisaremos de um tempo para depois voltar? Aliás, voltaremos? Onde mesmo queremos estar? Como diremos com toda sinceridade como estamos nesses espaços? Que vai assumir as tarefas de um planejamento em longo prazo, e os calendários de cada ano? Se formos fieis e coerentes preocupemo-nos antes se temos pessoas para que o planejamento seja executado. Análises, relatórios, um olhar pra realidade somente tem sentido se pressupõe que haverá uma intervenção de alguém.
Por fim amigos e amigas o lugar no mundo pelo qual nos organizamos são os grupos de base, que estão em comunidades, paróquias, dioceses, arquidioceses, regionais no país afora. E se alguém nos perguntar o que é mesmo o mais importante em nossa estrutura organizacional, diremos que são os grupos de base. A articulação da PJ nas dioceses será uma tarefa de colaboração entre quem? Como vamos subsidiar a missão nas igrejas particulares onde estamos e as que estamos com limites relacionais? Tenho certeza que sabemos muito sobre como está, e menos como os jovens estão fazendo! Fazendo para a missão acontecer, anunciando o Reino de Deus, o projeto de Jesus Cristo, a radical missão de transformação social a partir do Evangelho. Quais são as ações que vamos priorizar e projetos para estarmos mais próximo dos grupos de base? Precisamos de uma reviravolta das nossas maneiras de organizar. Precisamos de uma efetiva ação eclesial capaz de subsidiar nossos grupos de base que estão esparramados pelo nosso Brasil. Alguns de vocês sabem que estou na Coordenação Nacional de Acompanhamento da Delegação do Brasil para a Jornada Mundial da Juventude – Madri 2011. Acredito que farão indicativos para esse evento importante para nossa juventude. Muitas são as formas e modos que podemos contribuir para fazer uma JMJ com a cara do Brasil.
Deixando a vocês meu afeto, meu desejo de presença efetiva e afetiva, no desejo profundo de superar meus limites e ausências, confiante na providência de Deus, que nunca falta aos seus, unindo-me aos esforços que estamos fazendo para termos mais espaços de “muita reza, muita luta, muita festa”, ainda espero encontrarmo-nos pessoalmente.
Marcelo Antonio Lemos
Acompanhante no Vicariato de Silvânia – Arquidiocese de Goiânia
Ano C -2011