De fato… quem se humilha será exaltado
22º domingo do tempo comum
1° leitura: Eclo 3,19-21.30-31
Salmo 67(68)
2° leitura: Hb 12,18-19.22-24
Evangelho: Lc 14,1.7-14
Por Pedro Caixeta*
A humildade é a palavra da vez. A liturgia deste domingo nos convida a sermos humildes, e este convite sai da boca do próprio Jesus, como nos conta a comunidade lucana.
De maneira muito clara, Jesus nos ensina dando um exemplo bem próximo de nossa realidade. Isso faz parte da pedagogia de nosso Mestre. No cenário da festa de casamento, as comparações das posturas de quem “se acha” e de outro lado quem simplesmente se faz presença têm muito a nos dizer.
A vida não se faz só de festa! Este momento pode ser apenas o ápice de muita coisa vivida e esta vida convivida é que marcará os nossos lugares de proximidade ou não daqueles/as que nos rodeiam. Poderíamos dizer que é isto também que será preponderante para elegermos a quem daremos destaque, e cedermos os melhores lugares na festa e na vida.
O Evangelho nos provoca muito ainda no que diz respeito à presunção: por vezes nos colocamos num lugar que não é nosso! Lembremos que esta postura pode gerar situações adversas: ou termos o vexame de perder o lugar que pensávamos que tinha, ou a surpresa boa de ser recolocado em lugar melhor do que esperávamos.
Tudo isso tem a ver com a humildade. Humildade que não é sinônimo de ser bobo, ou então de ser negador de si mesmo. Ser humilde é ser aquele que reconhece o que se é e o que se tem, mas que numa relação com o/a outro/a faz de si entrega e serviço, sem querer ser melhor do que ninguém, apenas contribuindo para que juntos/as, na roda da vida, todos/as contribuam para fazer o bem, construir o Reino e viver a Civilização do amor. Neste momento, quem se humilha será exaltado, por que honrosamente há sempre quem reconheça sua contribuição e seu serviço.
Em tempos de Olimpíadas Rio 2016, podemos ver isso claramente. Não basta levar na cabeça uma faixa com o nome de Jesus e dizer que ou outros terão que o engolir. Faz mais sentido, ser campeão olímpico e duas vezes por semana ir a um projeto social dar aulas e entusiasmar crianças e jovens da periferia.
São Paulo, ao escrever aos Hebreus, lhes diz que estes escolheram se aproximar dos espíritos dos justos e de Jesus. E assim a vida é feita de escolhas. Podemos escolher, por exemplo, fazer o bem para receber recompensas tais como devolução de favores, exposição social e na mídia, ganhar elogios; porém, bem nos disse Jesus que quando fizéssemos algo, fizéssemos por aqueles/as que não poderiam nos retribuir… que façamos a bondade pelo simples fato de ser da solidariedade humana e de ser evangélico. E a recompensa? Sim, ela virá, de onde menos esperarmos e com os resultados que colheremos. Deste modo, seremos contados entre os/as justos/as, próximos/as do Moreno de Nazaré.
A sabedoria popular conservada no Eclesiástico nos ensina que por maior que sejamos, devemos praticar a humildade e assim encontrar graça diante do Senhor, pois é a estes a quem Ele revela seus mistérios e é neles que o Senhor é glorificado. Quem não gosta de estar e conviver com alguém humilde? A paz e a docilidade destes nos faz ver a vida com mais cor e significado…
O salmo já nos convida a prepararmos uma mesa para os pobres. Na comensalidade, Jesus se dá a conhecer. Ser com-pão-nheiro/a é comer junto, é viver junto. Deus escolheu os/as fracos/as, pequenos/as e oprimidos/as… Que saibamos humildemente, como Ele fazer nossas escolhas e se colocar a serviço, pois quem vive de status não sente a verdadeira felicidade, que nasce da gratuidade e do amor.
Felizes os/as humildes, porque morarão no coração dos que com ele/a convive e mais ainda no Coração de Deus.
*Por Pedro Caixeta: CEBI GO / Coordenador Nacional da PJ (2006 – 2009).