Uma experiência de Fé
29º Domingo do tempo comum
Primeira Leitura Ex 17,8-13
Salmo 120
Segunda Leitura 2Tm 3,14-4,2
Evangelho Lc 18,1-8
Por Rocélio SIlva Alves
Coloco-me na presença de Deus como quem ama e confia, consola-se e crer. Na oração sou convidado a encontrar-me mais do que buscar, pois este espaço é primordialmente lugar de refúgio, redescoberta, encorajamento e consolo. Nas leituras de hoje, 29º Domingo do tempo comum, somos interpelados a fazermos uma experiência de oração e fé. Seja na primeira leitura (Ex 17, 8-13) com a ação simbólica de Moises que ergue as mãos em sinal de crença e “intervenção” divina contra o exercito inimigo. Entretanto, nos fixemos na leitura do Evangelho deste domingo (Lc 18, 1-8) partindo da narrativa que Jesus faz aos seus discípulos, sobre como se caracteriza uma experiência de fé. Fixemos-nos nas personagens da parábola; o juiz injusto e uma viúva injustiçada. Ela, mulher solitária e desprotegida (viúva) tem consciência da injustiça na qual esta inserida, mesmo tendo consciência de sua situação ela não desanima é perseverante e crente, traz consigo a certeza de que o juiz mesmo injusto a ouvira, e será ao seu favor, mesmo que seja pelo “cansaço”; O juiz é uma pessoa incrédula, fechada em si e em suas verdades, faz o que lhe convém pois não crer em nada para além de si, não teme nem a Deus, nem a outro homem é autossuficiente, no entanto, se sente incomodado com a insistência da mulher. Trazendo para nossa experiência pessoal: Será que cremos verdadeiramente que Deus escuta nossa oração? Será que você crer realmente que teu pedido, tua prece, teu lamento, teu choro secreto ou tua alegria contida chegam a Deus?
Jesus nos pede que oremos incessantemente, mesmo nas dificuldades; ou mesmo com minhas mãos cedendo aos pesos das desesperanças, desilusões. Continuar orando mesmo que me pareça inviável. O que me assemelha a esta viúva? Seria a sensação de injustiça ou a perseverança paciente em relação nosso pedido?
Nossa fé deveria ser pautada na esperança nossa de cada dia; esperança que experimenta o jangadeiro que sai em alto mar, muitas vezes na escuridão, no frio e na solidão noturna crendo e sendo motivado, que fará uma boa pesca, ou o agricultor, que ara o roçado, planta os grãos muitas vezes gastando o pouco que tem, na certeza não garantida de que terá uma boa colheita. O que me faz crer? O que me faz pedir? Onde eu posso escutar e falar com Deus? Observe que propositalmente pus o escutar antes do falar, por o crer que antes de qualquer ação, deveríamos escutar Deus. Deixar sua voz embalar nossos projetos, nossas desmotivações. O que te faz crer? Em que você acredita? Onde está tua fé? Veja em tua volta, observe os teus e se questione o que me motiva há levantar todo dia e saber que sempre o melhor poderá acontecer, mesmo estando submergidas muitas vezes num cenário de injustiças, corrupções, impunidades, mesmo testemunhando tanta violência e desonestidade. Parece que não vale a pena ser bom, às vezes sinto que ser bom é mais uma atitude “boba” do que uma atitude de alguém “esperto”. No entanto, eu vos pergunto, será que vale a pena ser injusto? Será que vale a pena fazer tantas pessoas sofrerem por conta do egoísmo de poucos? Diante da segunda leitura (2Tm 3,14 – 4,2) será que eu creio realmente na palavra de Deus que antes de milagres ou atitudes extraordinárias me provoca a amar, perdoar, acreditar e testemunhar? “Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 8). O que te faz ser um homem ou uma mulher de fé? Em que consiste a tua experiência? Convido-te agora a fazer memória dos elementos em tua vida que te rementem a uma experiência de fé, seja qual for, não precisa ser algo tão “extraordinário” como nos é narrada na 1ª leitura, mas que seja algo teu, da tua história, algo que te console agora, no hoje de tua existência.
Você já se perguntou como será teu encontro com Deus? Como você estará neste momento? O teu rosto será de alegria, fruto de uma agradável surpresa ou será de arrependimento por não ter feito o que deveria fazer? Teu olhar refletira o brilho duma pessoa consciente que foi capaz de se pertencer ao longo da caminhada ou de alguém que não foi capaz de se permitir ser o que realmente é? Serás como alguém que chega ao final do dia e olha minuciosamente que todas as tarefas e se regozija porque foram “executadas com sucesso” ou fica paralisada como alguém que não consegue terminar uma “prova da escola” no tempo previsto? Como você está hoje com a tua vida? Com o teu olhar? Com a tua fé? Em que você realmente acredita e até onde você iria a nome de?
*Rocélio Silva Alves, Padre diocesano (Tianguá-Ce); Bacharel em Filosofia e Teologia; Especialista em Juventude no Mundo Contemporâneo; Atualmente residente em Belo Horizonte, onde cursa o mestrado em Filosofia da Religião, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Colaborou com a assessoria da PJ no Regional Nordeste I no Ceará.