Onde houver ódio que eu leve o amor
- Luz na Caminhada
- Paulo Santiago
- 30 de janeiro de 2022
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“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor”
São Francisco de Assis
No dia 30 de janeiro celebramos o Dia Mundial da Não Violência e da Cultura de Paz. É um dia que nos estimula a uma reflexão voltada à educação para a paz, à fraternidade, ao respeito, à solidariedade e à não violência. É um dia que nos convida a pensar e a sonhar um mundo sem violência.
A violência possui diversas faces e ocorre de muitos modos e formas. Há a violência física, verbal, simbólica, moral, sexual, psicológica e patrimonial. Ela também se manifesta no racismo, na xenofobia, na homofobia e nas múltiplas formas de discriminação. Ela igualmente ocorre na degradação ambiental e está institucionalizada pelo sistema capitalista, uma vez que este sistema mata em nome do lucro.
Infelizmente, o Brasil é um país com elevados índices de violência. É o país onde mais se mata pessoas LGBTQIA+. É o país no qual os casos de violência contra as mulheres crescem diariamente. É o país no qual os casos de estupro e violência sexual sempre estão em alta. Onde mulheres sofrem abusos e até perdem violentamente suas vidas simplesmente por serem mulheres. É a nação onde pessoas pretas vivem sempre assombradas, com medo de andarem livremente, pois correm o risco de serem vítimas de racismo, que se manifesta verbalmente e em agressão física. É o país onde afirma-se que as mortes de crianças pela Covid-19 representam um “número insignificante”.
Neste país, cultivar a não violência e a cultura da paz é um imperativo da fé que deve ser cultivado em nós.
No Evangelho desse 4º Domingo do Tempo Comum, nos deparamos com a admiração das pessoas que estavam na sinagoga ouvindo Jesus. Elas ficaram admiradas com as palavras que saiam da sua boca (Lc 4,22). Elas ficaram admiradas, pois as palavras do Jovem de Nazaré eram cheias de encanto (Lc 4,22). Nessas palavras do Nazareno, o povo via vida, esperança e paz, pois viviam num tempo de medo e opressão. Jesus vem inaugurar um tempo novo, uma cultura de paz.
Do seguimento a Jesus, aprendemos a cultivar entre nós a cultura da paz. Jesus é o rei pacificador, não opressor. É assim que nos apresenta Lucas em seu Evangelho. Logo no nascimento de Jesus, os anjos O anunciam como paz aos homens (Lc 2,14).
Na Doutrina Social da Igreja, afirma-se que a paz é um valor e um dever universal e que esta é fruto da justiça e do amor (cf. Doutrina Social da Igreja, nº 494). Sendo assim, na mensagem para o 55º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco afirma: “Em cada época, a paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto dum empenho compartilhado. De fato, há uma “arquitetura” da paz, onde intervém as várias instituições da sociedade, e existe um “artesanato” da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós. Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados”.
No Evangelho desse domingo (30 de janeiro), o Jovem Jesus nos diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (cf. Lc 4,21). Que nós, no HOJE da nossa juventude, possamos lutar pacificamente por uma sociedade não violenta, onde a paz seja algo presente e constante na vida de todas e todos. Que nós, como jovens “arquitetas e arquitetos”, “artesãs e artesãos”, nos empenhemos ainda mais na construção da tão sonhada e desejada Civilização do Amor. Que os/as jovens pobres, pretos, homossexuais e mulheres possam andar sem medo. Tenhamos em nós palavras cheias de encantos para criar essa sociedade não violenta e onde a cultura da paz seja verdade cotidiana.
Cantemos e vivamos aquilo que o jovem São Francisco pregou com sua vida: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor”.
Comissão Nacional de Assessoras e Assessores da Pastoral da Juventude: Jassiara Figueiredo; Roberta Agustinho; Luís Duarte; Marcos Dantas e padre Atenágoras Alencar.