Belém – o lugar onde Deus se faz pobre!
“Bem-aventurados os pobres…”
Mt 5,3
Belém é, da maneira mais plena, a encarnação de Deus na dura realidade. Deus preferiu fazer sua morada no meio dos pobres… Repetimos: O Messias, o Filho de Deus, não escolheu palácios e honras, nem mesmo púlpitos e cavalo branco, mas preferiu estar com os pobres e optar pelos pobres. Belém, geograficamente e culturalmente, é considerada periferia em relação a capital dos opressores como Herodes. Sendo Belém a terra onde a humanidade acolhe Deus, é pois, de Belém que Deus fazendo Menino se fez e se faz pobre optando pelos pobres.
Vejamos que a opção de Deus é fundamentalmente radical para todos/as nós que consideramos a práxis: é a partir dos pobres que o evangelho aparece como boa-notícia de vida e libertação. O pobre pertence aquilo que é constitutivo do Evangelho e aquilo que é essência da mensagem e do legado de Jesus, nascido em Belém, conhecido pela sua humanidade como Nazareno. Dizer o contrário é colocar-se fora do projeto de vida de Jesus.
Ajudar os meninos e meninas a descobrirem o “outro empobrecido” é ajudar a todos perceberem que vivemos em uma sociedade injusta e que os pobres são as grandes vítimas que mais sentem a desigualdade na própria pele. A descoberta da pobreza é intensamente importante quando esse universo não faz parte do imaginário da juventude. Não é por acaso que Deus se fez pobre!
Há que se destacar, ainda, o Evangelho das comunidades de Mateus naquilo que é conhecido como “Juízo final” onde aparece uma das dimensões mais bonitas do fazer-se pobre com os pobres e aí, nesse lugar, fazer a experiência de Deus: "todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos menores, foi a mim que o fizestes" (Mt 25,40) ou "foi a mim que não o fizestes" (Mt 25, 45). Diga-se que as exigências são: “dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, recolher o forasteiro, vestir o nu, visitar o doente, ver o preso”. É fazer-se pobre com os mais pobres. Quanta juventude pedindo por “comida e bebida”! Quanta juventude nua! Quanta juventude doente! Quanta juventude encarcerada! Quanta juventude pobre! Quem tiver ouvidos, ouça! Quem quiser entender, entenda.
Acreditamos junto com Leonardo Boff: “Desde que o Filho se fez homem e homem pobre, o lugar do pobre é lugar de Cristo e vice-versa. Desde que Deus por Jesus se fez pobre, o pobre foi estatuído em "princípio operativo da libertação".
José Comblin (cuja páscoa celebramos no dia 27 de março), ao qual prestamos nossa homenagem e agradecimento por não ter nos deixado esquecer os pobres, afirmou com categoria: “Os verdadeiros pobres sabem que são pobres. Não se perguntam quem é pobre. Sabem que são pobres. Os ricos buscam subterfúgios para definir em forma complicada a pobreza de tal maneira que não se sintam denunciados como os ricos do evangelho. Se alguém duvida se é pobre ou rico, com certeza é rico porque um pobre não duvida, mas sabe muito bem o que é pobreza. Os pobres são a verdadeira Igreja, o verdadeiro povo de Deus ainda que a sua presença no sistema religioso possa ser muito fraca. Encontram-se nos grandes santuários de romarias populares. Não se encontram nas igrejas paroquiais e muitas vezes nem sequer nas capelas. Mas Jesus sabe reconhecê-los e os integra no seu corpo como o verdadeiro povo de Deus. Jesus luta pela sua libertação no meio deles.”
É impossível pensar a Igreja e as Pastorais da Juventude sem a opção pelos pobres. Não é a toa que em Puebla a Igreja fez a opção preferencial pelos pobres e jovens. E não é a toa que a Igreja Jovem do Continente, as Pastorais da Juventude, mantém viva, ao longo de sua história, a opção preferencial pela juventude empobrecida.
A opção de Jesus pelos pobres firmada no chão de Belém é consumada em Jerusalém na Cruz. Não há mais volta. Uma vez que nós, guiados pela Estrela, fazemos a opção por ir a Belém estamos também nós fazendo a opção preferencial pelos/as pobres, preferidos/as de Deus. Fazer esta opção pode nos levar à Cruz. Mas se somos seguidores/as de Jesus vivemos e assumimos essa opção e se preciso for, assumimos, com Cristo, a Cruz.
Sigamos, guiados/as pela Estrela, mantendo viva a opção preferencial pelos pobres!
Luis Duarte – Integrante da Coordenação Nacional da PJ – Regional Centro Oeste
Maicon André Malacarne – Assessor da PJ de Erexim/RS.