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De Belém à missão de encanar-nos no universo juvenil

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem,
chamada Maria” (cf. Lc 1, 26ss)

O anjo na Sagrada Escritura é sempre portador de Boa-Notícia. O anjo Gabriel aparece a Maria no sexto mês. A narração do Gênesis diz que foi no sexto dia que Deus criou o ser humano a Sua imagem e semelhança (Gn 1, 26). O simbolismo dos números nos aponta para a dimensão da presença de Deus junto à humanidade. É Deus que se faz carne. Que é carne. É Deus que se faz, também, juventude.

O “Sim” de Maria ao convite de Deus, por meio do anjo, é dado em Nazaré, onde vivia com José. Queremos, pois, apontar pra dinâmica simbólica de Belém. É Belém quem acolhe O Menino. Belém faz pensar na encarnação do verbo: “o verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,16). O nosso Deus não quer ficar longe de nós. Por isso a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente através de uma pessoa. No tempo do Êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus. Nós conhecemos o nosso Deus nas palavras e nos sinais do Nazareno.

“No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Deus moldou tudo por meio da sua Palavra. “Ele falou e as coisas começaram a existir” (Sl 33,9; 148,5). Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. O prólogo do Evangelho de João (1, 1-18) diz que a presença universal da Palavra de Deus é vida e luz para todo ser humano. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus renasce constantemente no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. A grande surpresa é que do caos aparece a luz. É como um inverno gelado que prenuncia a chegada da primavera.

Queremos escrever sobre a encarnação no mês das vocações. Da reflexão sobre encarnação que brota de Belém. A encarnação não é uma mágica de Deus que como nos filmes do gênio da lâmpada faz tudo acontecer ao simples toque. Jesus foi aprendendo, se formando. Tudo começa com Belém. Lugar que acolhe o Deus encarnado. Podemos dizer que a encarnação de Deus começa no Sim de Maria (Lc 1,38) e termina no último Sim de Jesus na hora da morte. Carlos Mesters nos ajuda a refletir: Fazer a vontade do Pai e cumprir a missão era o eixo da vida de Jesus, o seu alimento diário (Jo 4,34). Ao entrar no mundo ele afirmou: “Eis-me aqui! Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade!” (Hb 10,5.7). Ao deixar o mundo, ele faz revisão e diz: “Tudo está realizado!” (Jo 19,30). Jesus se deixou moldar pelo Pai a cada momento da sua vida. Não foi fácil. Jesus lutou para ser fiel ao Pai, à vocação. “Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a obediência através de seus sofrimentos” (Hb 5,8). Teve de rezar muito para poder vencer (Hb 5,7; Lc 22,41-46), mas venceu! O jovem de Nazaré encarnou-se na realidade de seu povo, sendo povo. A Encarnação de Jesus O fez assumir a vida como causa e por causa da vida do povo, doar livremente sua vida.

Como Igreja Jovem no Continente, somos impelidos/as, no seguimento a Jesus e na opção pela juventude, à encarnar-nos na realidade juvenil de nossa Pátria Grande América Latina.

Nós, jovens latino-americanos, pisamos em uma terra marcada pela opressão, pela exclusão e clama por libertação. É nesse solo que somos chamados a encarnar-nos. Que boniteza se pudéssemos entender melhor o sentido dessa atitude! O convite é sermos bispos/presbíteros/diáconos encarnados nessa terra sofredora. O convite é sermos homens e mulheres, leigos e leigas, encarnados nesse chão de martírio. O convite é sermos religiosos e religiosas encarnados nas lutas diárias desse povo. O convite é sermos juventude organizada a partir de nossas comunidades, de sermos pequenos grupos que fazem a experiência de Deus desde os mais sofridos, desde os menores. O convite é sermos gente de boa vontade, com palavras e ações encarnadas na vida do povo. Assim poderemos, num só coro, entoar juntos: “Acorda América, chegou a hora de levantar. O sangue dos mártires fez a semente se espalhar.”

O convite, ousado, mas sempre presente, é encarnar-nos na vida da juventude e assumir a vida da juventude como causa. O convite é encarnar-nos na vida da juventude e fazermos a experiência do Divino falando e vivendo nos/as jovens. À Igreja cabe inspirar-se na figura do anjo, sendo sempre portadora de boas-notícias, que gerem vida, para a humanidade, para a juventude.

Que a Estrela de Belém nos ajude a vivermos a encarnação

na vida da juventude e em suas realidades!

Luis Duarte – Integrante da Coordenação Nacional da PJ – Regional Centro Oeste
Maicon André Malacarne – Assessor da PJ de Erexim/RS.

Teias da Comunicação

Equipe Nacional de Comunicação da PJ "Teias da Comunicação"

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