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“Este é o Rei dos Judeus”

 “Este é o Rei dos Judeus”


“Este é o rei dos judeus.”

34º domingo do tempo comum.
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo.
1° leitura: 2Sm 5,1-3
Salmo 121
2° leitura: Cl 1,12-20
Evangelho: Lc 23,35-43

Cristo Rei!!! Chegamos ao término de mais um ano litúrgico, na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Um ano que não coincide com o ano civil, mas que tem seu ciclo próprio. Já já viveremos o Advento e com ele iniciaremos mais um ano de reflexões e celebrações que alimentam nossa fé. Mas agora, estamos encerrando o ciclo deste ano e que ainda finda o Ano da Misericórdia, chamado pelo Papa Francisco.

No entanto tem um fato intrigante nesta festa. Jesus pelos Evangelhos nunca se intitulou rei. Mas de onde surge então esta solenidade? Foi em 1925, em meio a regimes totalitários e a figuras emblemáticas que a Igreja cria uma festa que declara Jesus Cristo como Rei do universo. É lógico que hoje a celebração ganha outros contornos pois o contexto é outro, mas vamos à Bíblia e veremos que não muda tanto.

Iniciamos com a figura do rei Davi, que foi quem consolidou a Monarquia no Primeiro Testamento, sucedendo a Saul. Davi que já reinava na tribo de Judá, expande seu poderio também sobre as tribos do Norte. Esta história não foi tão leve como relatada nestes três versículos de Segundo Samuel. Houve guerra, e o povo do Norte sem seu rei Isbaal e seus chefes militares, tiveram que render-se a Davi. A redação como vemos serviu para justificar que Deus que antes fazia aliança com seu povo, agora fazia aliança com a dinastia de Davi. Dinastia poderosa que aparece até na genealogia de Jesus citado no Evangelho segundo Mateus.

Mas se Jesus não se intitulou rei, teria Ele negado esta herança? Pelo menos Jesus nega o reinado como ele era vivido: status, ostentação e opressão. Na época de Jesus, tinha rei, tinha império…

Mas Jesus, o Rei dos Judeus, como o império romano o denominou; foi crucificado também por isso. Estampado em sua cruz, o escrito “Rei dos Judeus”, servia de exemplo a quem quisesse ser rei em tempos de César.

Jesus falava em Reino de Deus. Só nos Evangelhos esta expressão aparece 51 vezes!!! Mas como é a proposta de Reino para Jesus? Se ele é rei, como é seu reinado? Veja que no Evangelho, o malfeitor que o tratou pelo nome e não pelo título e fez uma confissão de fé ganhou o paraíso. Um rei humano, que não se apega a títulos, e que não busca o benefício próprio (ele não salvou a si mesmo, como incitaram os soldados e o outro malfeitor).

Podemos dizer de um rei que não fez nada de mal. Esta foi uma das avaliações sobre Jesus naquele momento da cruz. Quem zombava de Jesus, estava dentro de um sistema de morte (inclusive com pena de morte!)

“E mataram a Jesus de Nazaré
E no meio de ladrões puseram sua cruz
Mas o mundo ainda tem medo de Jesus
Que tinha tanto amor”

Na canção do Padre Zezinho, encontramos um mundo que tem medo de Jesus. Por que será? Será que preferíamos um rei que também mandasse matar? Será que o rei que sonhamos chegaria de carro blindado e luxuoso e não num jumentinho? Será que desejamos um rei que faça banquetes à um rei que come partilhando o que tem com aqueles/as que o cercam, incluindo aí os/as condenados/as e excluídos/as pelo mundo? A figura de rei que temos na cabeça usaria roupa de grife e levaria consigo adornos reais, sentando em trono e usando objetos de ouro?

Ahhhh vamos parar por aqui… um rei como Jesus mete medo em muita gente!!! Muitos/as preferem outro Reino que não o Reino de Deus… um reino promotor de vida e continuador de um processo de libertação? Loucura!!!! Deve ser por isso que o Papa Francisco, incomoda muita gente… seu jeito latino americano de viver a fé e servir à Igreja, aproxima a ICAR ainda mais ao Evangelho. Suas posturas desde sua eleição apontam para o seguimento de Jesus, com o rosto misericordioso e não poderoso…

Sim Cristo é rei, mas não o é da maneira com que estamos acostumados; na majestade de Jesus encontramos a radicalidade de quem doou a vida pela causa da justiça e da libertação.

E aí, qual reinado preferimos e seguimos? O de Jesus ou o dos impérios? Lembremos que como batizados somos sacerdotes/sacerdotisas, profetas/profetizas e reis/rainhas. Como vivemos o “nosso reinado”? A sabedoria popular diz que muita gente tem o rei na barriga, e Foucault nos alerta para os micro poderes existentes na sociedade. Muitas pessoas ao ocupar cargo de poder, o exerce nem sempre a favor a vida, numa perspectiva de serviço; mas sim em favor de seus pequenos reinados. Cuidemos!!!

Por Pedro Caixeta
CEBI GO

Teias da Comunicação

Equipe Nacional de Comunicação da PJ "Teias da Comunicação"

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