CARTA FINAL DO 12º ENCONTRO NACIONAL DA PJ
Reunidas/os em Rio Branco, capital do grandioso estado do Acre, as/os delegadas/os pejoteiras/os de todo Brasil vivenciaram mais um encontro de celebração da caminhada da Pastoral da Juventude. Foi momento de reafirmar o seguimento ao Mestre e reavivar a esperança no horizonte poético da Civilização do Amor.
A PJ do Brasil manifesta, desde já, sua gratidão à Diocese de Rio Branco, bem como a todo Regional Noroeste (AC, RO e sul do AM). Foi uma experiência de profunda Mística e descoberta. O olhar para o chão que nos acolheu mostrou toda a força e beleza de uma caminhada fértil de experiências do Bem Viver. Não obstante, também nos fez rezar com a história desse estado. Choramos com a luta dolorosa das/os seringueiras/os e sua travessia sofrida vindas/os do nordeste. Contemplamos a Amazônia e suas dádivas divinas. Pedimos licença aos povos indígenas para aprender o sentido do TXAI. Dançamos uma agitada quadrilha de diversidade. Pudemos pisar cada canto deste chão e ouvir as histórias do Povo de Deus.
Também é tempo oportuno de cantar a beleza do encontro das diferenças à beira do poço. Pela primeira vez na história dos encontros nacionais, a PJ propiciou a realização de uma celebração ecumênica. Reafirmamos nossa crença na unidade e no diálogo, porque acreditamos no respeito e na construção coletiva como elementos centrais para o Bem Viver. Aos irmãos e irmãs de outra fé, nosso agradecimento. Que a paz seja nossa unidade.
Foi histórico também o momento de lançamento da CAMPANHA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO AOS CICLOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Seguindo a deliberação da Ampliada de Crato/CE, realizada em 2017, a PJ dá início a uma caminhada que promete ser desafiadora, mas também florida de sonhos. Ao levantarmo-nos contra o machismo, queremos assumir nossos pecados diários e sociais. Queremos também que as relações de gênero sejam pautadas pelo direito à vida. Basta de violência contra a mulher! Basta de machismo! Não iremos nos calar!
Também bebendo das deliberações do Crato/CE, o Encontro Nacional contemplou os direitos humanos como um tema transversal no trabalho com a formação integral. Para isso, discutimos em rodas de conversa temas dos mais variados, que contemplam as lutas pela dignidade, pelos direitos básicos e por uma nova sociedade pautada no Bem Viver. Reafirmamos nossa espiritualidade libertadora a partir dos elementos construídos, buscando o despertar da Mística do Cuidado. Neste sentido, como foi bonito ver o lançamento de mais uma edição do Ofício Divino da Juventude (ODJ), bem como do Ofício do Regional Norte 1 (AM e RR). Elementos de vida para os grupos de base de todo país. Ao fazer a experiência da leitura orante da Bíblia, contemplamos o eixo transversal do triênio, que indica um olhar especial ao feminino. A partir da Samaritana e da compreensão da leitura popular e feminista, demos um passo no olhar teológico. Graça divina para o caminhar.
Aproveitamos para repudiar de modo veemente toda forma de intolerância e desrespeito que possam ter vindo daqueles que não compreendem o olhar da PJ em suas lutas. Nós cremos na misericórdia e no diálogo. Por isso, declaramos que acreditamos na correção fraterna e nos aspectos educativos para desconstruir preconceitos. No entanto, não podemos nos calar diante da intolerância racial e religiosa, que são aspectos que promovem a morte em nosso país. Só haverá plenitude do Bem Viver quando toda forma de discriminação for abolida. Lutaremos por isso.
Agradecemos todas e todos que contribuíram para a realização do ENPJ. Além da já citada Diocese de Rio Branco, na pessoa de Dom Joaquín Pertíñez Fernández, e Regional Noroeste, na pessoa de Dom Benedito Araújo, lembramos das entidades que ofereceram o apoio financeiro, estrutural e afetivo: DKA, Universidade Federal do Acre, Articulação regional das CEBs, Governo do Estado do Acre, Prefeitura Municipal de Rio Branco, Assembleia Legislativa do Acre, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Bispos dos EUA , Exercito 4°BIS, famílias do Encontro de Casais com Cristo (ECC), Pontifícias Obras Missionárias (POM) e Cáritas. Agradecemos a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude (CEPJ), que esteve em sintonia e se fez presença na pessoa de Dom Nelson Francelino Ferreira. Manifestamos nossa eterna gratidão a cada jovem das equipes de trabalho. Pessoas que se doaram com amor total e comprometimento, garantindo uma rede de cuidado e afeto. Que Deus abençoe a caminhada de cada uma e cada um. A PJ do Brasil é eternamente grata!
Por fim, lembramos que a caminhada rumo às Galileias Juvenis prossegue. Há muito chão de luta, descoberta e construção. A PJ parou pela Samaria, porque era necessário. À beira do poço, bebemos de profecia, utopia revolucionária, mística e muito amor. O Cristo cansado nos pediu de beber. Apontou-nos para a Mulher. Com Ele, rezamos a fé na Festa. Sim! Somos jovens da Festa, porque contemplamos a sacralidade da integralidade de nossos seres. O Bem Viver já está aqui. Com a diversidade de povos e da grandeza da América Latina, ecoamos nosso cantar pelo país, desejando que cada grupo de jovens faça a experiência do Ressuscitado: “Sou Eu que estou falando com você” (Jo 4,26).
Jesus, como centro de nossa fé e prática pastoral, nos aponta o necessário caminho da missão e pede-nos comprometimento radical a seu ensinamento. Maria Índia, sua mãe, intercede pelas Juventudes sofridas desse imenso Brasil. A ela elevamos um canto de prece, mas também de gratidão, por sempre cuidar e iluminar com seu exemplo de vocação. O Mestre nos alerta e abre os olhos para o tempo histórico em que vivemos. O faz na simplicidade. Nós, Pastoral da Juventude, reconhecendo esse olhar Naquele que vem fazer conosco a experiência da partilha, bebemos de uma Água Viva de esperança. É ela que nos impulsiona a seguir nucleando grupos nas comunidades, anunciando o Evangelho, pregando a esperança e bebendo na Leitura Popular da Bíblia a sabedoria necessária para o exercício pleno da missão de batizadas/os.
A PJ do Brasil também se une a todas/os as/os jovens que estarão no 14º Intereclesial das CEBs, que acontece em Londrina/PR. Reafirmamos nosso apoio e sintonia ao trabalho feito pelas CEBs do Brasil na promoção de uma modelo de Igreja comprometido com as/os pobres. Que esse seja um momento de profunda partilha e Bem Viver, porque a história continua sendo feita por essa unidade de gente caminheira e comprometida. A PJ estará presente com sua força, luz e carinho.
Finalmente, que possamos perpetuar a Mística do encontro. Que descubramos a beleza de ver-nos uns nos outros e umas nas outras. Façamos ecoar o ensinamento do Povo Huni Kuin. A outra metade de nós habita no olhar que nos permitimos contemplar. É dessa experiência que brota o grito forte do 12º ENPJ: TXAI!
Baixa a carta em versão PDF: Carta Final XII ENPJ