[Nossa Voz] Nove memórias do 3º Congresso Latino-Americano de Jovens
por Luis Duarte Vieira
No dia cinco de setembro de 2010 a Pastoral da Juventude do Continente Latino-Americano e Caribenho iniciava o 3º Congresso Latino-Americano de Jovens – CLAJ. O desejo era caminhar com Jesus para dar vida aos povos.
Muitas foram as vivências, saberes e sabores partilhados durante o 3º CLAJ. E nove anos depois poderíamos nos questionar sobre o que ficou dessa profunda experiência de comunhão. E é necessário reafirmar que o CLAJ marcou profundamente a vida daqueles/as que o viveram e a caminhada da PJ no Continente. E nove anos depois queria partilhar nove memórias do CLAJ. Memórias que também dizem elementos centrais para a vida da PJ no Continente.
- Para iniciarmos o Congresso fizemos uma longa e bonita caminhada pelas ruas de Caracas, seguida de Eucaristia na Catedral. Aqui está uma das memórias mais bonitas para mim. Nunca esquecerei a alegria que senti naquela caminhada. Nunca esquecerei o olhar dos/as venezuelanos/as à medida que passávamos em suas ruas. Essa caminhada é simbólica e profética porque caminhar pelas ruas era o símbolo do caminhar junto e encarnado na vida do povo. A Pastoral da Juventude ou caminha encarnada na vida do povo e da juventude ou trai Jesus.
- Quem esquecerá os longos debates nos grupos de trabalho? Em diversos momentos do CLAJ fizemos trabalhos em pequenos grupos, mini plenárias e na grande plenária. Foi um longo e intenso esforço para refletir e fazer junto. Foi um longo processo para olhar a realidade pastoral, fazer escolhas pastorais e debater a vida da juventude e da pastoral. De fato, o CLAJ possibilitou uma profunda vivência de uma pastoral que se organiza dando voz à todos/as e decidindo coletivamente. O protagonismo juvenil não é mero adereço pastoral, mas prática essencial da Pastoral da Juventude. Sem protagonismo juvenil e sem organização não faremos a Civilização do Amor ser verdade.
- Quem esquecerá Pe. Hilário Dick indagando-nos: “a que distância estamos da memória da PJ?”? Essa talvez tenha sido uma das expressões mais desafiadoras do Congresso. A memória, que depois se tornou opção pedagógica para a Pastoral da Juventude, nos faz ser fiéis à Jesus e ao projeto do Reino. Sem memória sequer somos povo. E o CLAJ muito nos desafiou no sentido de nos comprometer com a mesma.
- O CLAJ nos ensinou que para a Pastoral da Juventude está muito clara a opção por um processo e não por um evento. Por isso, o Congresso era na verdade, parte do Projeto de Revitalização da Pastoral da Juventude Latino-americana, profundo processo que mobilizou nossos países. Ainda dentro desse processo não posso deixar de falar da publicação do Documento 173 do CELAM, dois anos depois. Trata-se de “Civilização do Amor – Projeto e Missão”. Documento essencial para todos/as que desejam assumir em seus projetos vitais o compromisso com a Pastoral da Juventude. É pecado pastoral não conhecer, ler, assumir e viver o que se escreveu naquele documento.
- Quem esquecerá a Carmem Lúcia Teixeira provocando a PJ do Continente a seguir com Jesus e os/as jovens para Jerusalém? Quem esquecerá a plenária do Congresso aprovando esse compromisso de ir à Jerusalém para dar vida aos/as jovens e ao fazer pastoral? Sem dúvida alguma, o CLAJ marca a decisão da PJ em ir para Jerusalém. É um congresso que expressa o compromisso de uma pastoral profundamente bíblica e animada pela Palavra de Deus.
- Quem esquecerá dos/as pobres e de reafirmarmos nossa opção preferencial pelos pobres no Congresso? Quem esquecerá do compromisso com a vida da juventude? De fato, no Congresso reafirmamos o compromisso com a vida da juventude e dos/as pobres. Nos posicionamos contra a violência que ceifava e matava milhares. E que infelizmente ainda mata.
- Quem esquecerá dos sonhos para a Pastoral da Juventude do Continente tecidos coletivamente? De fato, os sonhos sonhados juntos/as para a Pastoral da Juventude expressam uma beleza e uma radicalidade profunda. Vale a pena ler síntese desses sonhos e passar a sonhar junto.
- Quem esquecerá as orações comunitárias e as celebrações eucarísticas que ali vivemos? De fato, comemos e bebemos da utopia. De fato, fizemos memória de Jesus e nos comprometemos como seus discípulos missionários para que todos/as tenham vida em abundância.
- Quem esquecerá os/as amigos/as que fizemos no Congresso Latino-Americano de Jovens? Quem esquecerá os/as companheiros/as que partilham do mesmo sonho e projeto de vida? O coração se abre cheio de nomes e a razão me afirma que esqueço de tantos outros nomes. Nacho, Vanina, Mechi, Dario, Luis Balmaceda (em memória e amigo querido), Nicolas, D. Mariano, Pe. Augusto Rios, Micheli, Sandy, Rodrigo, Thiesco, Hildete, Tábata, Pe. Hilário, Carmem, Natalia, Pe. Armelin, Pe. Mirim, Alex, Felipe, Roberta, Renatinha, Sandilly, Driko, Angela, Neth, Dário, Micaela, Daniel, Francis, Francisco, Álvaro, Janaína, César, Pe. German, Dalba, Michell, Eduardo, Flor Alba, Carmen, Maria Ines e tantos/as outros/as …
Não poderia terminar a escrita dessas memórias e dessa partilha sobre e do 3º Congresso Latino-Americano de Jovens sem dizer que junto das alegrias também houve algumas dores e feridas, sobretudo para alguns de nós que lá estávamos. Mas, o compromisso de ser e fazer uma Pastoral da Juventude fiel à Jesus e a vida da juventude foi mais forte e marcou mais. Além disso, o fato de estarmos em comunidade curava as feridas.
E termino fazendo uma pergunta e um convite. A pergunta: Quais outras memórias temos do 3º CLAJ? O convite: sigamos juntos e juntas sendo e fazendo uma pastoral da juventude que caminha junto com Jesus e com os/as pobres para dar vida aos povos.