O Dia Mundial da Saúde e a importância do SUS
Por Daiane Queiroz
A criação e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) está intimamente ligada a uma ideia central: garantir o direito ao acesso à saúde de forma gratuita, universal e de qualidade para todas as pessoas. Em 33 anos de existência, a história do SUS é marcada por transformações direcionadas a criação de politicas publicas de saúde para os diversos grupos sociais. Essa é uma conquista política e social atribuída a luta do Movimento da Reforma Sanitária, que não mediu esforços para que a saúde fosse reconhecida na Constituição Federal de 1988.
Apesar de garantir acesso universal e equânime, o SUS ainda percorre um caminho de grandes desafios no que se refere a transformações políticas, sociais e econômicas necessárias para a redução das desigualdades, a garantia da justiça social e a efetivação da universalidade do direito à saúde no Brasil. Ele é alvo recorrente de ataques visando o desmonte dos serviços ofertados para população, bem como a desestruturação de programas integrais à saúde e o subfinanciamento destes serviços. É relevante ressaltar aqui, que o SUS não é somente o que convencionalmente enxergamos, como os serviços básicos e hospitalares, mas está diretamente ligado ao financiamento de pesquisas, estudos científicos e inovações tecnológicas indispensáveis para a resolução de problemas em saúde no Brasil. Dessa maneira, o SUS é uma matriz que gera estratégias, podendo criar medicamentos, gerar testes clínicos para combater e curar doenças, através de estudos epidemiológicos, validada por seus diversos conceitos, contribui para a formulação de políticas públicas e para a formação de bons gestores e profissionais de saúde, isto é, a pesquisa em saúde reforça a ideia de um Sistema Único de Saúde amplo. É por isso que se faz necessário continuar defendendo o SUS nos seus preceitos básicos, monitorando sua implementação e corrigindo as falhas no decorrer do processo, sem jamais desvalorizar sua importância e combatendo as tentativas de desmonte.
Embora o SUS enfrente muitas dificuldades e retrocessos, ele tem um papel fundamental no enfrentamento a pandemia da COVID-19 no Brasil. Foi a sua existência que garantiu e garante a ampliação de leitos, hospitais, insumos, profissionais, medicamentos e pesquisas para novas soluções, além de garantir que todas as pessoas tenham acesso gratuito sem distinções sociais. Mas é preciso lembrar das limitações que, apesar da ampliação dos serviços e da criação de protocolos e manuais de enfretamento, o Brasil não combate à pandemia da maneira correta. Infelizmente a política negacionista do governo federal, com aliados em diversos estados, fecha os olhos para a crise sanitária e para o auto índice de mortes por conta da desestruturação dos hospitais brasileiros e não se dispõe a criar estratégias nacionais e unificadas de enfrentamento a pandemia, recusando-se a adotar as medidas que já foram apresentadas pelos especialistas em saúde, bem como a imunização em massa da população, garantindo a aplicação de vacinas, visto que o SUS é o único responsável pelo Programa Nacional de Imunização, um dos mais importantes do mundo. Ainda assim, é graças ao SUS que muito brasileiros infectados pelo vírus estão tendo suas vidas salvas. E é também graças ao SUS que as vacinas desenvolvidas no país em parceria com laboratórios estrangeiros receberam financiamento para se tornarem realidade.
Hoje, quando celebramos o Dia Mundial da Saúde, se faz necessário reconhecer a importância que o Sistema Único de Saúde tem para a população brasileira, especialmente para as menos favorecidas: empobrecidos, crianças, jovens, mulheres, idosos, negros, indígenas, LGBTQIA+, imigrantes, e vários outros grupos sociais em vulnerabilidade, diminuindo as desigualdades, garantindo acesso universal e gratuito, promovendo saúde e salvando vidas.
Diante disso é fundamental ir à luta pelo seu fortalecimento, para que o SUS tenha seus princípios valorizados, para que os serviços se tornem cada vez mais efetivados, para que recursos se ampliem e reforce as estruturas e os profissionais de saúde. Por fim, é preciso lutar pela (re)existência do SUS.
DEFENDER O SUS, É DEFENDER A VIDA!
Daiane Queiroz é militante da PJ e do MAB na Diocese de Marabá, Regional Norte 2, e está no último ano do curso de Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA.