Experimentar a força da ressurreição!
Por Luis Duarte Vieira
Nossa (sempre boa e importante) análise de conjuntura, faz que a gente tenha certo olhar pessimista para a realidade que, realmente, não é fácil. Mas o Evangelho recorda-nos sempre a perspectiva de bem que vence o mal, de vitória do amor… E desde essa perspectiva evangélica, precisamos reconhecer que os tempos que temos vivido, como humanidade e como Pastoral da Juventude, são tempos de muitas dores e perdas. Quem de nós que não chorou a perda de algum/a amigo/a ou familiar por conta da pandemia da COVID-19 e da necropolítica? Não bastasse os impactos e sofrimentos advindos do contexto da pandemia, estamos vivendo tempos de profunda injustiça social, de muitas desigualdades e violências.
E para além dos impactos deste tempo em nossas vidas, nas memórias que vamos tecendo pelos passos que damos no caminhar da vida, todos/as vamos carregando feridas e dores. Em muitos contextos essas feridas e dores nos impedem de nos atirarmos no AMOR. E as vezes nem são os/as outros/as que continuam a nos ferir e provocar dores, mas nós mesmos sem percebermos isso.
Nesta realidade e em tempos de quaresma, corremos o risco de viver uma quaresma sem páscoa, como afirma o Papa Francisco na Exortação Apostólica “EANGELII GAUDIUM” . Mas, a Liturgia que celebramos e meditamos neste domingo convidamos à “experimentar a força da ressurreição” (Fl 3,10).
A morte não tem a última palavra em nenhum contexto, nem mesmo na pandemia da COVID. É preciso cultivar a mística dos olhos abertos, como afirma Bejanmin Buelta. É preciso enxergar a vida que vence mesmo quando o contexto é de morte.
É preciso experimentar a força da ressurreição para ouvir, com o ouvido do coração: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis?” (Is 43, 18-19). É preciso experimentar a força da ressurreição para reconhecer as coisas novas. É preciso permitir-se não ser condenado para poder seguir adiante (Jo 8, 1-11). É preciso experimentar a força da ressurreição para poder permitir a cura das dores e feridas. É preciso, reconhecer que o Senhor nos alcança (Fl 3,12), abraça e afirma, em seu amor: “Eu também não te condeno” (Jo 8,11).
Paremos de nos condenar. Permitamos a ressurreição ser verdade na vida da gente e na vida da PJ. Permitamos que a força da ressurreição ajude a romper com os olhares velhos e condenatórios. Que a liturgia desse domingo, ajude-nos a recordar que o Cristo Jesus é quem nos alcançou por primeiro (Fl 3,12) e que “maravilhas o Senhor fez conosco” (Sl 125), assim sendo, poderemos viver uma quaresma com páscoa e permitir-nos ser abraçados pelo Senhor, para “experimentar a força da ressurreição” (Fl 3,10) e ser ressurreição. Ou seja, ajudar a criar um mundo novo, fazer novas coisas (Is 43,19), tecer um mundo de justiça e direitos. Um mundo onde a Civilização do Amor seja plenamente verdade.
Luis Duarte Vieira é doutorando em Ensino de Ciências e Matemática, integrante do CAJUEIRO e da Comissão Nacional de Assessores/as da PJ.