87% dos jovens não têm restrições para uso da internet
Uma pesquisa inédita realizada pela organização não-governamental SaferNet Brasil – que luta pelos Direitos Humanos na Internet – revela dados preocupantes sobre a exposição e os riscos que crianças e adolescentes correm ao acessar a Internet. O estudo contou com a participação de quase 1.400 entrevistados, entre crianças, adolescentes e pais de todo o país. Um dos dados que mais chamaram a atenção foi de que 87% dos jovens internautas afirmam não possuir restrições ao uso da Internet. A facilidade para se ter contato com conteúdos que deveriam ser restritos também foi um ponto de destaque, já que 53% tiveram contato com conteúdos agressivos e que eles mesmos consideravam impróprios para sua faixa etária.
Mesmo com a preocupação revelada pelos pais em relação àquilo que seus filhos vêem na Internet, ao contato com pessoas mal intencionadas e à falta de segurança on line, a pesquisa mostra que há pouca restrição em relação aos tipos de sites que são acessados pelos filhos, bem como ao número de horas que eles passam em frente ao computador – 63% dos pais disseram que não impunham regras para o uso que os filhos fazem da Internet.
Ainda de acordo com o estudo, 77% dos jovens afirmam que não possuem limite algum no tempo que podem ficar na Internet. Além disso, 64% deles dizem que usam a Internet principalmente no próprio quarto, contrariando uma das dicas de prevenção que orienta a manter o computador em área comum da residência, a fim de que os pais possam acompanhar o que os filhos estão acessando.
Por outro lado, mesmo considerando que estão sempre seguros e podem se defender de qualquer ameaça do mundo virtual, os jovens internautas relataram na pesquisa já terem sofrido práticas nocivas como ciberbullying (38%) e chantagem on line (10%). O ciberbullying – uma variação do bullying – é um conjunto de agressões promovido entre colegas de escola ou em grupos de amigos, que utilizam o ambiente virtual para ridicularizar uma determinada pessoa.
Outra preocupação revelada pelo estudo é com o tipo de sites que são acessados por crianças e jovens, já que 80% dos jovens preferem os sites de relacionamento e 72%, comunicadores instantâneos. Um problema detectado pela pesquisa é que a maioria dos jovens (66,71%) conta que se cadastrou em sites de relacionamento sem supervisão de um responsável, mesmo que os endereços fossem proibidos para crianças e adolescentes.
Com base nos dados obtidos, a SaferNet pretende elaborar uma cartilha voltada para os jovens. Unindo conteúdo pedagógico e linguagem acessível, a cartilha pretende dar dicas de como prevenir e se defender de possíveis ameaças no mundo virtual. A ONG também quer realizar, em breve, uma nova pesquisa, desta vez voltada para educadores e lan-houses, para definir um diagnóstico de como a Internet pode se tornar um perigo se for mal utilizada.
Contato: SaferNet Brasil www.safernet.org.br