O Bom Samaritano, inspiração para a formação integral e para um projeto de sociedade!
Povo pobre e oprimido
No ferido, seu irmão.
Num projeto bem político
Vida nova, em comunhão.
Nos passos de Jesus e renovando diariamente nosso compromisso com o Reino e com o serviço à juventude e aos/às pobres, nós Pastoral da Juventude do Continente, estamos caminhando decididamente para Jerusalém, vivendo nesse ano a mística de Samaria.
Ir para Jerusalém, com Ele e em Seus passos, é uma decisão madura que fazemos como Pastoral da Juventude, mas sobretudo como seguidores/as do Mestre. Essa escolha, na doação total da vida pelo Reino, é consequência da formação integral que buscamos desenvolver junto à juventude.
Não é à-toa que a obra “Civilização do Amor – Projeto e Missão”, assume a Formação Integral como uma consequência da experiência vivida com a juventude, como uma opção pedagógica em dimensões e processos, como uma escola de Jesus para o discipulado-missionário e como um caminho de formação da juventude (Civilização do Amor – Projeto e Missão 472-562). É que em nossa ação pastoral queremos formar homens e mulheres, que cresçam em sua totalidade, integralmente. Sonhamos jovens que se conheçam, se acolham e se amem. Que saibam se relacionar, acolham o/a outro em sua diversidade e saibam amar o/a irmã/o. Que se encontrem com o Divino falando em sua vida, se abram ao Mistério Trinitário, que encarnem o compromisso de Jesus (o Reino) em suas vidas e que doem suas vidas no seguimento a Jesus, alimentados/as por uma mística. Que sejam lideranças, capazes de se colocar a serviço do povo. Que sejam capacitados/as, a partir dos valores da Civilização do Amor, e exerçam um serviço qualificado na direção da vida, rompendo com a lógica da morte. Que sejam capazes de se comprometer com a vida do povo. Que sejam capazes de enxergar além do que está dado. Que sejam conscientes, críticos, cuidantes. Que não se deixem manipular pelo poder (que servem ao capital e não ao povo). Ou seja, com a formação integral queremos formar autênticos/as seguidores/as de Jesus, pessoas humanas, inteiras, integradas, felizes e comprometidas, a partir do seguimento e do Reino, com a vida plena para todos os povos. Estar caminhando com Jesus para Jerusalém é re-assumir constantemente que não abrimos mão da formação integral. Samaria nos inspira a pensar a formação integral. Nossa referência para a formação integral é Jesus Cristo. E da boca Dele ouvimos uma parábola que inspira nosso compromisso com a formação integral e com a vida da juventude e do povo. Dele escutamos a tão conhecida e sempre nova parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).
Pensando a formação integral podemos dizer que, percorrido o processo de formação integral, formamos jovens que são “bons samaritanos” em suas realidades concretas. O Bom Samaritano está integrado na relação consigo, por isso, pode romper os esquemas culturais de sua época e cuidar do ferido no caminho. O Bom Samaritano vê no ferido seu irmão. O Bom Samaritano, no cuidado com o homem, faz uma experiência de Deus porque se faz presença amorosa, cuidadora e misericordiosa. O Bom Samaritano sabe o que fazer, a partir do compromisso com a vida. O Bom Samaritano não pactua com a lógica do sistema de morte e por isso se coloca na contramão dos esquemas sociais, culturais e religiosos de seu tempo. Pode ser ousado, mas tranquilamente podemos dizer que o Bom Samaritano é modelo de alguém que viveu um processo de formação integral. É modelo igualmente porque ao ser contada por Jesus e olhando para a vida Dele podemos dizer que Ele nos narra sua ação, está dizendo de si e do modo de ser que cada um/a de seus seguidores/as deve assumir e viver.
O Bom Samaritano além de ser inspiração para a formação integral é inspiração para um modelo de sociedade, um projeto político que é preciso assumir. Estamos vivendo um período eleitoral. Nessa reflexão queremos debater um projeto político a nível nacional. Nessa direção o Bom Samaritano é inspiração para nós.
O projeto político que somos chamados/as a assumir e a ajudar a construir é um projeto que deve ser marcado por um compromisso com a vida do povo, em especial do povo pobre e oprimido. Não foi essa a ação do Bom Samaritano? Uma ação geradora de vida e que rompe com os esquemas de um projeto de morte. Nesse caminho de compromisso com a vida do povo não podemos pactuar com um sistema pensado pelo capital e para o capital. Comprometemo-nos sim com um projeto gerador de vida. Um projeto que siga rompendo com o esquema social de dominação e opressão. Assumimos um projeto político capaz de tirar as pessoas da miséria. Que siga gerando mais acesso á educação (básica, fundamenta, média e superior) e melhores condições na saúde pública. Que siga investindo pesado nas políticas públicas de juventude. Que não aceite a política de extermínio que tem ceifado a vida de milhares de jovens e de pobres. Que fortaleça o combate a corrupção. Que defenda o meio ambiente.É questão de compromisso com um projeto político. É questão de um compromisso com a vida da juventude e do povo.
Que nosso caminho para Jerusalém, desde as terras da Samaria, nos fortaleça sempre mais no compromisso com a formação integral da juventude e no pacto com um projeto político marcado pela vida e não pela morte. Que Jesus, o Bom Samaritano por excelência, e que a parábola desse samaritano, conhecido como “bom” por sua ação pela vida do ferido no caminho, siga nos inspirando. Não descuidemos a formação integral. Não esqueçamos de defender um projeto político que gere vida. Não descuidemos da vida. Não fujamos do caminho rumo à Jerusalém.
Cladilson Nardino – Estudante de Engenharia Civil e membro da coordenação arquidiocesana da PJ de Curitiba/PR
Luis Duarte – Militante da PJ – Diocese de Jataí/GO
Maicon Malacarne – Padre e assessor da PJ de Erexim/RS