“Lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado…” Ecléia Besi
Pincéis encharcados formaram nomes, desenhos e cores no cartaz preenchido por jovens enfeitando a Casa da Memória… Listas de presença viraram papel de parede… As gerações e sensações se misturaram, a começar pelos tijolos, pelas plantas e pelas marcas do tempo… Portas escancaradas, “pode vir, pode chegar”, adentraram-se nas pequenas salas – fomento de projetos, arena de preocupações e de triunfos…
Foi assim que aconteceu, nos dias 25 e 26 de fevereiro, a “Casa da Memória”, na Casa da Juventude, evento que teve o objetivo de reunir jovens que passaram pelos projetos da instituição para contarem sobre suas experiências, desejos e expectativas ao longo do processo de formação vivido, partilhando os frutos colhidos e os desejos para o futuro.
Confira, abaixo, algumas falas de jovens que passaram pela CAJU ao longo destes 26 anos – com “memória, sabor, sonho e diversidade”:
“…Através da participação em vários projetos da CAJU, como break, street dance, voluntariado na biblioteca, entre outros, e através do acompanhamento de vários/as educadores/as que me apoiaram e me deram a mão, hoje posso dizer que minha vida mudou, pois aqui aprendi a entender um pouco mais sobre preconceito, amor, desigualdade, escolhas e futuro. A Casa da Juventude me mostrou o caminho para eu mudar e construir minha história. Quando cheguei aqui não tinha perspectivas, mas hoje gosto de ler, de estudar e quero fazer o curso de Designer Gráfico. Depois da CAJU posso dizer que tenho meu projeto de vida…” Wesley Pereira
“…Eu era muito tímida antes de participar das atividades da Casa da Juventude, tinha muita vergonha e achava que eu sempre estava errada… Depois de fazer vários cursos na Casa, como o inglês, e de participar de várias atividades, como a Conferência de Assistência Social, o Grito dos Excluídos, a Caminhada Antônio Malheiros, entre outras, adquiri mais confiança em mim mesma e me senti útil, pensando e lutando junto com outras pessoas por um ideal. Estas experiências ajudaram muito no meu processo de formação. Tenho meu projeto de vida graças à CAJU. As pessoas da Casa marcam quem passa por aqui…” Jenifer Ferreira
“…A CAJU é a utopia concretizada do jovem protagonista. Aqui a gente entra com dores e sai com alegrias, de forma transformada. Aqui eu mudei minha vida. Sou militante da PJMP e todos os subsídios que eu leio foram produzidos pela CAJU. Foi também pela inserção na Casa da Juventude que consegui meu primeiro emprego. Através da participação nas oficinas de arte realizadas pela Casa eu pude me qualificar e hoje trabalho como instrutor de um curso de teatro em Aparecida de Goiânia…”. Charles de Maciel Rodrigues
“…Através da participação na Escola de Liturgia, na Casa da Juventude, aprendi uma nova maneira de rezar, o que fundamentou minha caminhada de fé, já que eu ia para a Igreja e não sabia ao certo o que sentia e o que entendia. Eu gostava de ficar calada porque sou tímida. Após fazer vários cursos na CAJU, como a Escolha Bíblica, de Liturgia e o Curso de Afetividade e Sexualidade, comecei a sentir e a me identificar com o próximo. Antes da CAJU eu era muito racional e fria. Agora sou razão e coração. Também participei da Oficina de Economia Solidária e aprendi que o consumo consciente nos leva a sermos cidadãos mais ativos. Enfim, através da Casa mudei minha visão de mundo. Aqui me transformei – recebi e ofereci afetos…”. Daniela de Matos Almeida.
“…Venho de uma comunidade que sofre muito preconceito da mídia e da sociedade – o Madre Germana. Todos falam que lá é violento e tudo que acontece lá só aparece pelo lado ruim. Através da CAJU, em uma parceria, montamos o nosso grupo de teatro – o Venvê Parangolê e passamos a fazer oficinas e cursos na instituição. Aqui na Casa da Juventude existe muito carinho para os/as jovens. São pessoas que nos respeitam independente da religião, cor ou raça…. Muitas pessoas que por aqui passam levam um pouquinho desta Casa para si…” Fernando Ribeiro.
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