CNBB manifesta apoio à Lei Maria da Penha
Em nota bispos do Brasil afirmam que a lei merece ampliar seu alcance e assegurar todos os mecanismos e instrumentos nela previstos
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, manifestou apoio à Lei Maria da Penha, em nota distribuída nesta terça-feira (22/3/2011). Para a CNBB, “são motivos de preocupação as interpretações restritivas e as tentativas de revisão dos artigos 16 e 41 da lei que diminuem sua eficácia e representam um significativo retrocesso na sua implementação e aplicabilidade”. A nota afirma que as restrições à lei resultam em “menor punição aos agressores, aumento do arquivamento dos processos, o desestímulo das mulheres em denunciar e exigir prosseguimento das investigações”.
A ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, afirmou que a nota da CNBB é histórica, pois nela “os bispos do Brasil se manifestam contra a violência doméstica e em defesa das mulheres”. “É uma demonstração de que a sociedade não aceita mais a violência contra as mulheres e rejeita qualquer mudança na lei que pune com rigor os agressores”.
A nota foi liberada um dia depois do encontro entre a ministra e os bispos para debater a importância de manter a integridade da Lei Maria da Penha. Na ocasião, a ministra Iriny Lopes pediu o apoio dos bispos brasileiros para ajudar a erradicar a violência doméstica no país.
Para o Presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, “a lei recebeu grande apoio da sociedade e merece ampliar seu alcance, assegurando todos os mecanismos e instrumentos nela previstos de modo que todas as mulheres vítimas de violência tenham seus direitos e sua cidadania garantidos.”.
Leia a integra da nota:
A Lei representa uma grande conquista para as mulheres brasileiras, pois incorporou o avanço legislativo internacional e se transformou no principal instrumento legal no enfrentamento da violência doméstica contra a mulher no Brasil, inclusive com reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), como uma das melhores legislações do mundo.
As estatísticas, no entanto, revelam que o país ocupa a 12ª posição no ranking mundial de homicídios femininos (Mapa da violência – 2010, Datasus). No período de 1997 a 2007, 10 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Isso merece nosso repúdio e indignação.
São, portanto, motivo de preocupação as interpretações restritivas e as tentativas de revisão dos artigos 16 e 41 da lei que diminuem sua eficácia e representam um significativo retrocesso na sua implementação e aplicabilidade. Tais restrições acarretam menor punição aos agressores, aumento do arquivamento dos processos, o desestímulo das mulheres em denunciar e exigir prosseguimento das investigações.
A Lei Maria da Penha é instrumento que levou a sociedade a realizar ações positivas no enfrentamento dos atos de violência contra a mulher. Cabe aos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo cuidar pela sua manutenção tal como aprovada, não permitindo nenhum tipo de retrocesso ou omissão.
A Igreja, comprometida na defesa dos Direitos Humanos, manifesta-se, mais uma vez, a favor do respeito à dignidade da mulher, incentiva os esforços de instituições e da sociedade na luta pela superação de todo e qualquer tipo de violência, possibilitando a construção de uma cultura de paz no ambiente familiar e social.
Brasília, DF, 22 de março de 2011.
Comunicação Social