Compromissos do Curso de Verão 2011
Ao final do 24o. Curso de Verão, organizado pelo CESEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular), em parceria com a PUC-SP e o TUCA, num grande mutirão com dezenas de outras entidades e também comunidades e famílias que nos hospedaram, voltamos para nossas comunidades, gratificados pela experiência de partilha, reflexão, vivência ecumênica, celebração e festa que vivemos entre os dias 09 e 16 de janeiro de 2011. Fizemos memória da Dra. Zilda Arns que tanto cuidou da vida dos pequenos com a Pastoral da Criança e do terrível terremoto que feriu o povo irmão do Haiti a 12 de janeiro do ano passado, clamando contra o insuficiente empenho e solidariedade internacionais na reconstrução do país destruído. Prestamos igualmente nossa solidariedade na oração e partilha, às vítimas da tragédia provocada pelas chuvas, inundações e deslizamentos na zona serrana do Rio de Janeiro, em Minas Gerais e São Paulo.
O Curso reuniu 564 pessoas entre participantes e voluntários, pertencentes a diferentes igrejas cristãs, religiões e filosofias de vida, que vieram de todas as regiões do Brasil e de alguns outros países da América Latina e da África.
O tema deste ano, A VIDA: DESAFIO À CIÊNCIA, BÍBLIA, BIOÉTICA. DO GENOMA HUMANO ÀS CÉLULAS-TRONCO, trouxe-nos um panorama dos avanços da pesquisa no campo da genética humana, desvendou-nos a verdadeira revolução em termos de compreensão da vida, das promessas que se abrem para o diagnóstico e terapia das doenças genéticas, da necessária cautela no seu uso e das novas e inquietantes questões éticas ligadas aos sujeitos da pesquisa, à sua apropriação social e aos eventuais danos corporais e ambientais que podem provocar. Debruçamo-nos igualmente sobre a contribuição da bioética nesse tempo de revolução tecnológica e da necessária sintonia fina entre pesquisa e responsabilidade ética; entre manipulação genética e possíveis danos humanos e ambientais; entre ciência e responsabilidades pessoais e coletivas. Sentimo-nos desafiados em termos de democratização do conhecimento e do empenho de todos nós como pessoas, grupos, movimentos populares, igrejas e religiões para que os frutos da pesquisa científica sejam colocados a serviço das maiorias, com atenção aos mais vulneráveis e à preservação da natureza ameaçada, como nos pede a CF- 2011: Fraternidade e vida do planeta, com seu apelo para cuidarmos do jardim da criação. A Palavra de Deus nos ajudou a aprofundar o diálogo entre a ciência e a fé, a renovar o sentido da vida, da nossa vocação e responsabilidades.
Convencidos da importância e necessidade de nossa participação nesta tomada de consciência dos avanços da ciência e de nossa responsabilidade como pessoas de fé e cidadãs assumimos o compromisso de:
NO CAMPO DA FORMAÇÃO:
– Democratizar o conhecimento, divulgando a temática do genoma humano e das células tronco em linguagem acessível, para melhor orientar nossas comunidades, ajudar no diálogo, na exigência de que avanços científicos beneficiem o conjunto da população, sejam utilizados com responsabilidade ética, atentos aos valores humanos, pessoais, sociais e ambientais.
– Passar uma visão crítica e ao mesmo tempo positiva das pesquisas e descobertas científicas necessárias à promoção da vida.
– Contribuir para difundir os verdadeiros valores éticos e evangélicos comprometidos com a defesa da vida.- Buscar aprofundar nossa vivência ecumênica pessoal e nos nossos grupos e comunidades, criando espaços de formação e iniciativas ecumênicas, para que o nosso exemplo encante e motive outras pessoas e grupos.
– Trabalhar com a juventude acerca do cuidado com a vida, com o meio ambiente, com o relacionamento afetivo e sexual, buscando superar discriminações de gênero, cor, raça, deficiência física, orientação sexual.
NO CAMPO DA ORGANIZAÇÃO:
– Fortalecer a luta para que o resultado das pesquisas científicas seja usado em defesa da vida e monitorado pela sociedade civil organizada, pelos movimentos sociais e pelo Estado.
– Sensibilizar a comunidade para participar dos debates referentes à bioética, divulgando-os nos mais variados meios de comunicação, encontros de formação das comunidades de base, nos templos e movimentos pastorais e sociais.
– Valorizar e fortalecer as comunidades e culturas Negras e Quilombolas e levando-lhes a experiência do curso de verão, principalmente àquelas mais afastadas.
NO CAMPO DE INICIATIVAS CIDADÃS:
– Defender a vida nas suas várias formas: humana, animal e vegetal, socializando o conhecimento com intuito de proporcionar uma reflexão sobre os valores éticos que defendam a vida.
– Valorizar as iniciativas ambientais já existentes, participando de iniciativas de produção de energias limpas, de uso de lâmpadas econômicas, redução e mesmo eliminação de copos e sacolas de plástico, de coleta seletiva e reciclagem do lixo, apoiando cooperativas de catadores, “profetas da ecologia”.
– Promover uma nova cultura não consumista, incentivando o consumo responsável, uma economia solidária e sustentável, contrapondo-se ao desperdício e aos contra valores do mercado capitalista.
São Paulo, 16 de janeiro de 2011