Depois de 21 anos, a Igreja no Brasil traz de volta a reflexão do tema “juventude” em 2013 durante a Campanha da Fraternidade (CF). Vivi intensamente o ano de 1991, preparando a CF do ano seguinte. Tenho em meu coração um espaço de saudade daqueles anos. Eu havia conhecido a PJ em 1989. Tínhamos na paróquia uma assessoria efetiva e afetiva dos salesianos e salesianas. E pudemos ir preparando o terreno para uma boa organização paroquial da PJ por lá.
Olho para o cartaz da CF 92 e muitas recordações vem em minha mente. Uma delas é de que, pela primeira vez, eu ouvia falar de juventude na Igreja como um elemento renovador. Era “o novo”, falávamos e líamos nos documentos. Os cantos litúrgicos e de animação tocavam neste ponto.Tantas iniciativas. Tantos cursos. Tantas palestras. Tantos festivais. Tantos shows. Teve até escola de Samba falando no tema! Era o ano da juventude. Foi um despertar!
Pois então, vinte e um anos depois, nós estamos novamente às vésperas de outro “ano da juventude”. 2013 chega anunciando nova CF sobre juventude e pela primeira vez a Jornada Mundial da Juventude acontecendo no Brasil. Aqui nas terras paulistas, também estaremos celebrando 40 anos de organização pejoteira. É um ano bonito e cheio de desafios.
E será um ano e meio em que se deve trabalhar muito. Sim. Um ano e meio. O trabalho, se acaso não começou, deve começar já! É hora de botar a CF 2013 na rua. É preciso pensar em como iremos, estrategicamente, colocar na pauta das discussões a vida da juventude e a missão evangelizadora de nossos grupos como promotores e portadores de sinais do Reino de Deus.
Os coordenadores dos grupos de jovens já estão por dentro destas discussões? Estamos capacitando as lideranças? Como estão os processos de acolhida e de aproximação com os jovens fora da Igreja? Como estamos vivendo o relacionamento com os outros juvenis dentro das nossas comunidades? Estamos levando para o poder público e para a sociedade civil as questões que atingem diretamente a vida de tantos jovens? Estamos nos espelhando na vida e na prática de Jesus e das primeiras comunidades para poder realizar tudo isso?
Façam fóruns, rodas de conversa, seminários, retiros. Tragam para o centro das discussões as estratégias que devem ser adotadas para que esta CF tenha bons frutos. O que eu vou dizer é um clichê, mas é verdade: a gente colhe sempre aquilo que planta. Este momento, agora, é hora de começarmos a plantar, caso ainda não se tenha começado.
Há amigos que olham os primeiros sinais da próxima Campanha da Fraternidade (Hino, Cartaz) e ficam receosos. Outros não conseguem se enxergar nestes mesmos primeiros sinais. A eles eu digo: a vida pode ter a cor que queremos que ela tenha, mas para isso é preciso agir. Um símbolo não tem valor fechado sem a devida interpretação. O cartaz da CF 92 tem um grande valor simbólico para mim dado a tudo que vivi naquele período, mas nunca fui atrás da interpretação oficial. Com o novo cartaz pode ser a mesma coisa. O importante é que consigamos dar à juventude que está nos grupos da PJ um gosto bom e a intensidade de um momento bem vivido enquanto estiverem refletindo e vivenciando os momentos preparatórios e quaresmais desta nova Campanha da Fraternidade.
Há um campo de missão enorme aí! Há um tempo de esperança e um tempo de oportunidades. “Eis-me aqui. Envia-me”. Há tanto trabalho a ser feito. Há tanta juventude sem oportunidade, vítima de um sistema que a exclui e a joga para a marginalidade e daí para a criminalidade. “Eis-me aqui. Envia-me”. Há tantos jovens carentes de formação, carentes de lazer, carentes de carinho, carentes de sentido. Há tantos muros e tão poucas pontes.
É oportunidade boa, Pastoral da Juventude. É a chance de chegar em comunidades, nuclear grupos, apresentar a espiritualidade libertadora de Jesus, a espiritualidade do cotidiano, viva, sonhadora, lutadora e pensante. É hora de preparar bem o nosso povo. Há muitos para ouvir aquilo que temos a dizer. É um tempo urgente. É hora de ir aonde muita gente não quer, Pastoral da Juventude… “Ei! Oh nós aqui, oh! Envia-nos”.