Escuta e Protagonismo Juvenil
”Os segmentos juvenis são diferenciados por critérios relacionados a territórios, gênero, etnia, classe social. A vida cotidiana é permeada por diversas representações sociais produzidas historicamente acerca dos jovens e veiculadas de maneira naturalizada: alienados, modernos, inovadores, conservadores, de risco… associados a determinados problemas sociais como a violência, a drogas, ao desemprego, etc.
O Seminário “A Condição Juvenil e Redes de Proteção Social”, realizado na Casa da Juventude Pe. Burnier e na Universidade Federal de Goiás, no dia 11 de maio, teve o objetivo de socializar a pesquisa “A Condição Juvenil e a Rede de Proteção Social em Goiás: O Caso dos Grupos de Jovens Envolvidos com a Campanha ‘A Juventude Quer Viver’”. A pesquisa foi promovida pelo Setor de Pesquisa da Casa da Juventude Pe. Burnier, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e pela Universidade Federal de Goiás com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG. Buscou investigar e problematizar questões que envolvem a condição e a situação juvenil em Goiás, bem como o tema das organizações juvenis enquanto possíveis espaços constituídos como redes de proteção social, evidenciando aspectos que podem contribuir para que os modos de olhar a juventude possam ser revistos a partir destes outros olhares. Durante o seminário, foram realizadas duas mesas redondas com os/as pesquisadores/as apresentando aspectos da pesquisa.
Na Casa da Juventude, Lourival Rodrigues apresentou um panorama geral da pesquisa. Ana Maria Trindade (Casa da Juventude) abordou o tema “O Estado da Arte Sobre Juventude na Pós-graduação de Goiás”. Maria Aurora Neta (UEG – São Luís de Montes Belos) falou da metodologia das Rodas de Conversa: entre falas e escutas enquanto metodologia utilizada para a coleta de dados e levantamento da voz da juventude. A segunda mesa redonda aconteceu na Faculdade de Ciências Sociais, também com os/as pesquisadores/as envolvidos/as no projeto: Flávio Sofiati (UFG), Carmem Lúcia Teixera (CAJU), Mirian Fábia (UFG) e Maria Aurora Neta (UEG) que abordaram aspectos da pesquisa, sua metodologia e o perfil levantado dos/as jovens envolvidos/as no projeto. Veja alguns aspectos da pesquisa socializados: Foram escutados/as e entrevistados 206 jovens em sete cidades goianas (Fonte: IBGE, 2007.)
Os “depoimentos” dos/as jovens nas entrevistas evidenciam desconfianças e preconceitos por parte do mundo adulto e de algumas instituições em relação à juventude (acentuando a farra, a questão da cor e da pobreza). Aparecem também cobranças para com esta geração: estudo, trabalho e comportamento… E, da mesma forma, sua responsabilização prematura frente ao futuro e a necessidade de ser forte e independente.
A pesquisa revelou as dores dos/as jovens hoje expressa por diversos medos: da solidão, de envelhecer, de entrar no caminho das drogas, de sofrer, de não ser aceito/a, de decepcionar a família, de errar… Destes medos, destacam-se sete: medo de morrer (15,3%), medo de não passar na faculdade ou de reprovar de ano (15,3%); medo de não conseguir emprego (7,6%); medo da violência (10,2%); medo de perder pessoas queridas (10,2%) e medo de ser discriminado (10,2%). Estes dados apontam algumas das razões para se pensar em uma Rede de Proteção à Juventude enquanto possibilidade para construir um diagnóstico da situação dos/as jovens em todo o Estado de Goiás, considerando suas especificidades: urbana, rural, portadores/as de necessidades especiais, indígenas, quilombolas, além da questão de gênero e equidade, tomando por base os levantamentos dos dados secundários disponíveis, clarificando as dimensões dos problemas e as potencialidades. Por isto a importância da identificação de iniciativas, organizações, movimentos, grupos e pesquisadores/as para estabelecer parcerias que atuem em defesa da juventude, estabelecendo apoios, trocas e ações conjuntas. Para saber mais sobre a pesquisa adquira o livro: “A JUVENTUDE QUER VIVER: Condição Juvenil e Redes de Proteção Social em Goiás” (Informações: pesquisa@casadajuventude.org.br ou (62) 4009-0339).
|