Jovens ocupam 7,8% dos empregos gerados no Brasil, diz
Jovens ocupam 7,8% dos empregos gerados no Brasil, diz OIT
04/08/2008
Dos 14,7 milhões de empregos gerados entre 1986 e 2006 no País, os jovens entre 15 e 24 anos ocuparam apenas 7,8% do total. É o que aponta uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a ser lançada em outubro.
Com o apoio do projeto de Promoção do Emprego de Jovens na América Latina (Prejal), o estudo traça o perfil do jovem de 15 a 24 anos com base em microdados da Pnad de 2006. No relatório da pesquisa, a OIT pretende apontar caminhos para governos e empresas na busca de soluções para o desemprego juvenil.
O estudo foi baseado, também, em dados do Ministério do Trabalho. Entre as conclusões do documento, está que a precariedade do sistema educacional brasileiro e a pouca escolaridade leva, na maioria das vezes, os jovens a entrarem no mercado de trabalho de maneira precária, o que se reflete em taxas de desocupação e informalidade acima das demais faixas etárias, baixos níveis de rendimento e de proteção social.
A pesquisa destaca que, embora os jovens passem mais tempo na escola que os adultos, eles têm mais desvantagem no mercado de trabalho. Na faixa de escolaridade de nove a 11 anos de estudo, o percentual de adultos é de 24% e 44% para jovens.
A juventude brasileira está concentrada, predominantemente, em áreas urbanas. Em 2006, do total de 34,7 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, 28,9 milhões (83,3%) moravam em áreas urbanas e 5,8 milhões (16,7%) encontravam-se no campo.
A desigualdade educacional também persiste entre esses jovens: apenas 1,4% dos jovens rurais tinha 12 anos de estudo ou mais. Esse percentual atingia 9,8% dos jovens das cidades.
As desigualdades regionais também pesam. A taxa de analfabetismo entre os jovens era, em 2006, de 0,9% na região Sul e 5,3% no Nordeste.
Raça
Outro dado da pesquisa da OIT mostra que persiste uma elevada desigualdade em termos de acesso à educação entre pessoas com a cor da pele diferente. Enquanto 39,7% dos jovens negros tinham de cinco a oito anos de estudo, o número cai para 29,5% quando se trata de brancos com mesmo período de escolaridade. Mais de 13% dos brancos tinham 12 anos ou mais de estudo. Esse número cai para 3,7% entre os negros. O estudo considerou como população negra o total de pessoas pardas e pretas.
Ainda de acordo com o levantamento, o desemprego juvenil incide mais sobre as mulheres negras de regiões urbanas. Nesse segmento, a taxa de desemprego entre 15 a 24 anos era de 17,8% e dos adultos, 5,6%.
O desemprego entre os homens jovens era de 13,8% e 23% entre as mulheres da mesma faixa etária. Do total das jovens ocupadas entre 15 e 24 anos, 14,8% eram trabalhadoras domésticas sem carteira assinada. E 11,6% das mulheres adultas trabalhavam na mesma situação.
Informalidade
Os jovens são, no Brasil, as principais vítimas da precariedade do mercado de trabalho informal. A taxa de informalidade entre eles afeta 60,5% dos jovens trabalhadores ocupados.
De acordo com o relatório, a probabilidade de um jovem com até quatro anos de estudo estar no setor informal é o dobro daquela prevalecente para uma pessoa de 15 a 24 anos com 12 anos ou mais de estudo.
Apesar dos números, a coordenadora nacional do Prejal, Karina Andrade, diz que o Brasil tem demonstrado esforço em promover empregos aos jovens, mas ainda há muito a ser feito.
Segundo ela, a criação de conselhos estaduais da juventude seria um passo positivo na busca de políticas públicas voltadas para os jovens e aponta que a profissionalização de qualidade é um dos caminhos. "Não dá para falar em trabalho sem falar em educação”, afirma.
Fonte: Diap