MANIFESTO DOS JOVENS NORDESTINOS PELA PAZ*
Veja na íntegra o Manifesto dos Jovens nordestinos pela Paz:
Nós, cidadãos jovens do Nordeste brasileiro, engajados nos mais diversos movimentos e grupos, que lutamos pela construção de uma nação mais justa e pacífica e que sonhamos com outro mundo possível, reunidos na cidade de Timon – MA nos dias 09 e 10 de agosto de 2008, queremos fazer ecoar em meio ao povo brasileiro e nos confins da única casa comum de toda a humanidade – a terra -, o nosso grito de paz:
Estamos acordados. Sonhamos, mas não vivemos somente de utopias. Os nossos pés, bem plantados neste generoso chão, caminham na esperança; percorrem trilhas de justiça e de paz, abertas passo a passo na luta cotidiana para conquistar espaços de inclusão, visibilidade e participação. Sentimos na pele o calor amigo de mãos entrelaçadas, ternas e firmes, formando um cordão cada vez maior de tolerância e de acolhida da diversidade étnica, política e religiosa e de comunhão e compromisso sincero com as causas dos excluídos das riquezas da vida que a todos pertencem.
Sofremos a violência. E resistimos ativamente a ela. Esforçamo-nos por erradicá-la de nossas consciências e de nossas casas, escolas e ruas de forma não-violenta e criativa. A indignação provocada pelo extermínio de nossos amigos e irmãos – particularmente dos negros – não nos deixa de braços cruzados. A dor não nos paralisa. A compaixão, o diálogo e a força da solidariedade nos mobilizam.
Temos fome de cidadania. Não nos satisfazem o circo da mídia nem as migalhas dos oportunistas eleitoreiros. Queremos pão, sim; mas também carteira assinada, vaga na universidade, cidades seguras, ambientes saudáveis e tudo o mais e melhor… Honramos a memória de tantos jovens que gastaram suas energias e suas vidas reivindicando a plenitude de direitos para todos. Queremos que a nossa Carta Magna seja jovem não somente na idade, mas também no reconhecimento de nossas juventudes!
Gememos com a nossa Mãe Terra agonizante. O seu pulso vibra em nossos corações. As agressões a ela provocadas ferem-nos também de morte. Abominamos a primazia do lucro sobre a vida do povo, da natureza e da propriedade social dos bens que ela nos oferece. Não acreditamos nas promessas do progresso sem limites. Queremos uma economia de rosto mais humano e solidário. Queremos contribuir com a criação e execução de modelos de desenvolvimento sustentáveis, respeitosos da biodiversidade e da pluriculturalidade!
Conscientes de que a paz é fruto da justiça.
Apoiamos e abraçamos: todas as ações que nas comunidades, escolas, igrejas e espaços públicos promovam a construção de uma Cultura de Paz; as prioridades e resoluções surgidas na I Conferência Nacional da Juventude; as iniciativas em defesa da Amazônia e das comunidades afetadas pela Estrada de Ferro do Carajás, particularmente a Campanha “Justiça nos Trilhos”.
Exigimos: a retirada da pauta de discussão da PEC sobre a redução da maioridade penal; a imediata aprovação da PEC da Juventude e a ratificação da Convenção Ibero-americana da Juventude; a inclusão efetiva e permanente da educação sócio-ambiental nos currículos escolares do ensino básico e médio.
E, em continuidade com as nossas reflexões e práticas de promoção da Justiça, Paz e Integridade da Criação, comprometemo-nos, por todos os meios e em todos os espaços possíveis, a informar e conscientizar as comunidades sobre as problemáticas, potencialidades e possibilidades das juventudes brasileiras, promovendo fóruns, debates e outras atividades nas quais candidatos e órgãos públicos se façam presentes e se comprometam a incluir nos seus programas de ação as pautas acima apresentadas.
Por ocasião do Dia Internacional da Juventude, no Ano Ibero-Americano da Juventude.
*Assinam os mais de 400 participantes do I Encontro Interestadual de Jovens Nordestinos pela Paz, provenientes da Bahia, da Paraíba, do Ceará, do Piauí e do Maranhão, e representantes de diversas igrejas, pastorais, movimentos e grupos juvenis, culturais e políticos.
fonte: www.casadajuventude.org.br