Cancel Preloader

Maria: a mãe da esperança indignada e corajosa

 Maria: a mãe da esperança indignada e corajosa

Por Michelle Gonçalves

Há pouco contemplamos o anúncio e convite do anjo à Maria para ser a mãe de Jesus. Neste caminho, acompanhamos todo o trajeto que a jovem mulher fez para dar à luz ao Deus encarnado. Pudemos perceber a figura de Maria como uma mulher da esperança. Não só por ser a mãe de um Deus de recomeços, mas por ser genitora, educadora e discípula, por acompanhar o projeto de doação e de nova sociedade sonhado por Deus, expresso em Jesus.

Maria transfigura a nova aliança de Deus com seu povo. Pela ousada maternidade de Maria, Jesus concebe seu projeto de vida e seu projeto de Reino. Não podemos negar que Maria inspirou e foi exemplo de coragem, subversão e esperança para o próprio Cristo.

A esperança em Maria não é uma esperança passiva, mas ela é inquieta, indignada e corajosa, transpassada pelos anseios do povo. Ela nos oferece um horizonte, novas práticas e uma mudança radical nas estruturas. Devemos quebrar os paradigmas que colocam Maria apenas como uma mulher submissa, pois seu discipulado é autônomo, livre e decidido por ela mesma, desde a gestação, até a morte e ressurreição de seu filho.

Ser porta-voz da esperança é primeiro ser indignada e indignado com as injustiças desse mundo. Maria canta a sua indignação em seu Magnificat quando diz: “Ele manifesta maravilhas com seu braço: Dispersa corações orgulhosos, derruba o trono dos poderosos e exalta os humildes. Aos famintos ele enche de bens, despede os ricos de mãos vazias. Socorre seu povo, seu servo (Lc, 1, 46-55)”. Essa indignação de Maria inspira de forma concreta o projeto de vida de Jesus. (Lc 4,18-19) Sua indignação é a indignação de Deus. Deve ser a de todas e todos nós.

Um segundo elemento do esperançar de Maria é a coragem. Coragem de se opor à ordem e aos costumes instaurados no seu tempo. O sim de Maria é um sim carregado de coragem. E ter coragem quer dizer agir com o coração. Maria se coloca a caminho com o coração disposto e coerente daquela que é mãe, discípula e missionária de um projeto.

Ela é aquela que caminha quilômetros para cuidar da sua prima Isabel (Lc1, 39-47), que perpassa por todos os perigos de uma maternidade perseguida pelo Estado, pelos poderosos da época (Mt 2,13). É aquela que não deixa o vinho da alegria ficar por último na nossa vida (Jo 2, 1-11), pois entende que o desejo de Deus é vida em abundância para todas e todos. E é com a mesma coragem que ela acompanha seu filho até a cruz, é com coragem que ela acolhe as discípulas e os discípulos como suas/seus filhas/os, amadas e amados, não as/os deixando desacreditar da ressurreição.

No Evangelho de hoje (Lc 2,16-21), Maria contempla e medita sobre o recém-nascido, assumindo novamente com coragem e indignação o projeto de amor e salvação de Deus para toda a humanidade.

Que no ano que chega saibamos reafirmar nossa esperança indignada e corajosa, diante de todos os desafios que emergem na nossa caminhada. Que Maria, a mãe da esperança, nos ajude a colocar em prática o seu canto. E que com ela, possamos também caminhar para um mundo justo e fraterno. O Reino de Deus proclamado por Jesus.

Um feliz, esperançoso, corajoso e ousado 2021 à todas e todos!

Verônica Michelle Gonçalves está a serviço da Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude, é professora e poetisa.

Paulo Santiago

Postagens relacionadas

Leave a Reply

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.