Não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento
1ª leitura: Eclo 15, 16-2/ Salmo 118/ 2ª leitura: 1Cor 2, 6-10/ Evangelho: Mt 5, 17-37
por Jaiane Seulim*
Estando dentro do tempo comum do calendário litúrgico, a vida da Igreja nos convida para a conversão a partir da fé em Jesus nosso Salvador e na prática de seus ensinamentos. Para isso, as leituras previstas neste final de semana irão tratar dos temas sabedoria, caminho, Lei, justiça, amor, escolha. O evangelho é o de Mateus e Jesus ainda está no comecinho de sua prática pastoral. O texto está locado dentro do sermão da montanha, no capítulo 5, versículos 17-37.
O texto foi selecionado de maneira a produzir tombamento já no versículo 17 onde Jesus fala “Não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento”. Aí Jesus começa a embaralhar as cabeças dos doutores da Lei e dos fariseus que viriam acusá-lo da transgressão da Lei. A proposta de Jesus é o transcendimento da Lei em vista da realização da justiça. O fim da Lei, portanto, é a pratica da justiça e não a pura observância de letra. Para isso ele se refere nesta leitura aos mandamentos “Não matar” (Mt 5,21-26), “Não cometer adultério” (Mt 5,27-32) e “Não jurar falso” (Mt 5, 33-37), aprofundando seus significados.
A primeira leitura Eclo 15, 16-21 reflete sobre a sabedoria e capacidade de escolha do ser humano. A Lei não é cumprida em sua plenitude apenas em seu rito mecânico, mas na sabedoria da prática da justiça. Jesus adverte, em Mt 5, no v. 20 que “se a justiça de vocês não superar a dos fariseus e dos doutores da Lei, vocês não entrarão no Reino do Céu”. Portanto, se os especialistas na Lei não eram justos o suficiente era porque eles estavam somente focados “nas letras e nas vírgulas da Lei” (Mt 5,18) e não em sua sabedoria.
O apóstolo Paulo fala na segunda leitura, (1Cor 2,6-10) da sabedoria de Deus projetada desde o início do mundo para nos levar a sua glória (1Cor 2,7). Jesus fala em Mateus da justiça que leva ao Reino do Céu (Mt 5,20). Justiça e sabedoria são equiparadas e o cumprimento da Lei deve ser resultado das duas, o Reino do Céu é a plenitude da glória de Deus.
Assim, extraindo essa reflexão do Evangelho deste final de semana, cabe-nos a interiorização e oração profunda desta Palavra promovendo conversão em nossas vidas a fim de que nos alinhemos ao sinuoso caminho do Reino de Deus. Colocar-nos no caminho do Reino é fundamental a nós enquanto cristãs e cristãos conscientes de nosso papel no espaço social.
Contudo, é importante que nós nos deixemos ser levadas pelo Evangelho num caminho/processo de revisão coerente e humilde de nossas práticas, superando, como bem lembra Jesus, a justiça dos fariseus e dos doutores da Lei. Importa, para isso, em nossa prática pastoral, e também em outros cantos da nossa vida, que nós distingamos a lei e sua sabedoria. Como se cumpre o Evangelho praticando a justiça nos dias de hoje? Quais são as leis de nossos dias? O seu pleno cumprimento conduz à prática justiça para todas as pessoas?
Queridas irmãs e irmãos na fé em Jesus Cristo, me despeço desejando-lhes uma abençoada reflexão e seguimento nos passos do Reino!
*Jaiane Seulim
Jovem, gaúcha, militante da PJ e teóloga