PASTORAIS DA JUVENTUDE DO BRASIL – REUNIÃO DA EQUIPE NACIONAL
“Oh chuva, só peço que caia devagar e molhe este povo de alegria, para nunca mais chorar”
(Fala Mansa).
CAMPINAS, 22 A 26 DE NOVEMBRO DE 2008.
22 de novembro de 2008 – sábado:
O primeiro dia foi o da chegada, foi muito boa a acolhida no Seminário Estigmatino de Campinas, o Padre Nelton e todos os seminaristas ficaram felizes com a nossa presença e não cansavam de ser gentis conosco.
Neste dia só preparamos a pauta e partilhamos a vida.
23 de novembro de 2008 – domingo:
O dia começaria com a Celebração Eucarística, mas não houve missa por causa da viagem do Padre Nelton e o Padre Teixeira ainda está se recuperando de uma cirurgia no coração.
Apesar da missa não ter acontecido fizemos um momento de mística muito bonito perto da fonte dos gatos.
A reunião começou com a partilha das pastorais:
PJR – Pastoral da Juventude do Meio Rural – Eber
Foi feito um material sobre a missão da PJR;
Realizamos o Seminário Nacional e o Acampamento da Juventude;
Garantimos as três reuniões da CN neste ano;
A assembléia nacional deveria ter sido no inicio de novembro, mas acontecerá de 23 a 27 de março de 2009, na cidade de Feira de Santana/BA;
Conseguimos fazer uma descentralização das tarefas:
Somos quatro articuladores nacionais:
· Assembléia nacional – Letícia
· PJB – Setor Juventude – Eber
· Via Campesina e Movimentos Sociais – Manssan
· Articulação nos estados – Josiel
Realizamos escolas regionais;
Reanimamos muitos estados;
Limites: acompanhamento nos estados e finanças;
A PJR saiu de Brasília, muitas pessoas passavam pela casa, mas não dava mais para manter aquela estrutura;
Estamos concluindo o Plano Político Nacional de Formação;
Métodos de trabalho – grupo de base e acompanhamento.
PJE – Pastoral da Juventude Estudantil – Tábata
Tábata e Maurício moram perto, o que facilita o acompanhamento mais presencial;
A secretaria tem uma pequena estrutura;
Nosso dilema é com o projeto financeiro, isso dificulta a articulação nacional e o acompanhamento aos estados;
Tábata tem sentido falta da presença do Irmão Maurício, o qual está muito envolvido com a sua dissertação;
Problema político: presença nas escolas públicas e de pós-médio. Temos uma opção política clara, mas não temos conseguido alcançar estes espaços;
A PJE está mais presente nas escolas privadas;
Estamos tentando avançar na questão progressista, libertadora;
Poucos estados estão articulados, estávamos em seis, agora estamos em onze;
Fazemos uma opção clara pelo conjunto e estamos percebendo que o conjunto está fragilizado;
Não temos apoio eclesial;
PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular – Ludmila
Em 2007 estávamos passando por um processo de desarticulação;
Em janeiro de 2008 a comissão nacional sentou e avaliou a necessidade de uma nova secretaria. Givanildo e Ludmila assumiram este papel que tinha como objetivos: articulação das bases e preparação do congresso;
Estamos presente em 19 estados;
Começou-se um processo de grande mobilização;
Foi feito um pacto entre dez pessoas de não abandonar o barco;
22 a 25 de janeiro – Assembléia Nacional
26 a 30 de janeiro – Congresso Nacional
Sentimos a necessidade de se organizar nas bases para participar do congresso;
A partir do lançamento sentimos com mais firmeza que o congresso já era uma realidade;
Conseguimos liberar alguém para a secretaria local do congresso – Lucineide;
Fizemos uma campanha: AMIGOS E AMIGAS DA PJMP, para garantir uma ajuda de custo para a secretária do congresso;
Tem uma estrutura para a secretaria local do congresso;
Fechamos com o governo do estado toda a estrutura para o congresso;
No ano que vem estruturaremos um projeto de formação;
PJ – Pastoral da Juventude – Hildete Emanuele
Estamos passando por dificuldades financeiras, não estamos conseguindo manter a nossa secretaria em Goiânia;
Estamos preparando o nosso IX Encontro Nacional, estamos com dificuldades financeiras, mas o povo está animado e o encontro vai sair, não temos condições para receber muita gente, por essa razão enviamos apenas um convite para cada pastoral;
Estamos desenvolvendo os cinco projetos do nosso plano trienal: A Juventude quer Viver, Mística da Construção, Teias da Comunicação, Caminhos de Esperança e Ajuri;
Tivemos uma reunião da coordenação nacional e da comissão nacional de assessores em Goiânia e lá fizemos uma reflexão sobre a PJB, retomando o acúmulo de reflexões que vínhamos fazendo desde outubro de 2006.
Segundo a avaliação da CNPJ e CNAPJ nós não formamos uma organização, somos quatro pastorais, com planos específicos, organizações e demandas específicas e que temos princípios comuns e nos identificamos a partir de uma mesma espiritualidade libertadora;
Para nós não são interessantes espaços de deliberações (comissão nacional de assessores/as, equipe nacional da PJB, plenárias, assembléias, etc.), nos quais se discutam organização e estrutura, porque isso não nos une, acreditamos que juntas podemos encaminhar as bandeiras de luta comuns;
Acreditamos e estamos abertos a construir as atividades permanentes juntamente com a Rede Brasileira de Centros e Institutos e também nos propomos a contribuir na campanha contra a violência;
A maioria dos nossos regionais não vivencia uma experiência do conjunto e que seria bom nos voltarmos para as bases, porque lá a caminhada conjunta não acontece;
O Setor Juventude já é uma realidade para nós e propomos que as quatro pastorais possam contribuir no setor, sendo ele um espaço de comunhão e de fortalecimento de todas as experiências juvenis da nossa Igreja.
Principais pontos das partilhas:
Dificuldade financeira
Falta de estrutura
Ausência da Assessoria – dificuldade de acompanhamento
Prioridades das pastorais: articulação das bases e formação de lideranças.
Reflexões sobre a organização da PJB:
· O Setor Juventude já é uma realidade, vamos ajudar a construí-lo, para isto teremos que abrir mão de algumas coisas, mas não devemos perder os nossos princípios;
· Temos sido quatro organizações e não uma organização, este espaço serve para troca de experiências e para articulação das bandeiras comuns;
· Evitemos as discussões sobre estrutura, centremos as nossas forças nas bandeiras comuns, a campanha contra a violência e o extermínio de jovens deverá ser a nossa prioridade;
· Precisamos pensar na sustentabilidade de cada pastoral, o conjunto só terá sentido, quando as quatro pastorais estiverem bem;
· Não temos nomes para a assessoria nacional da PJB;
· Precisamos olhar para as bases, a PJB acontece enquanto conjunto em poucos regionais;
· Precisamos dar visibilidade as nossas bandeiras de luta. Devemos falar delas e encaixá-las em nossas atividades e em nossos planos específicos;
24 de novembro de 2008 – segunda:
Neste dia o Padre Nelton nos levou para Itaici, quando chegamos lá fizemos uma homenagem para ele em agradecimento a acolhida no seminário que foi tão especial.
Ao chegarmos a Itaici descobrimos que não ficaríamos hospedados no mesmo local onde as pessoas que irão participar do CONSEP ficariam, isso causou um desconforto muito grande, mas depois nos adaptamos ao local distante e passamos a chamá-lo carinhosamente de QUILOMBO.
Continuando a reunião…
Lembramos das nossas bandeiras de luta e começamos a centrar esforços na CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS. Fizemos uma proposta de metodologia para o seminário nacional, o qual acontecerá de 13 a 15 de fevereiro, em Brasília ou em São Paulo. Cada pastoral terá direito a cinco vagas. Vamos sugerir a Dom Dimas que a nossa campanha seja lançada juntamente com a Campanha da Fraternidade 2009.
Pensamos em uma arte para a campanha e vamos tentar produzir: cartazes, panfletos, adesivos, camisas e bonés.
25 de novembro de 2008 – terça:
Começamos o dia logo cedo, celebrando com as pessoas que estavam na reunião do CONSEP (Bispos e assessores/as da CNBB), quem presidiu a celebração foi Dom Walmor, arcebispo de Belo Horizonte.
A reunião começou com uma fala de Dom Geraldo Lyrio, presidente da CNBB, que nos falou sobre a possibilidade da Jornada Mundial da Juventude acontecer no Brasil. Logo em seguida, Dom Eduardo explicitou o objetivo daquele momento, que era dos bispos conhecerem um pouco mais as quatro pastorais da juventude e dizerem para as referências nacionais das pastorais quais as suas constatações, críticas e sugestões para que as pastorais possam ter uma relação mais próxima dos bispos.
Antes de cada pastoral se apresentar Cidinha e Irmão Maurício falaram sobre a PJB, as bandeiras comuns que têm as quatro pastorais e as atividades permanentes.
Cada pastoral teve cinco minutos para se apresentar, a apresentação seguiu os seguintes passos: missão, organização e projetos.
Antes de se apresentar cada pastoral fez uma introdução rápida dando enfoque a algum aspecto de sua caminhada:
Ludmila (PJMP) falou da dura realidade que vive o jovem da periferia.
Eber (PJR) falou sobre o êxodo rural e sobre os jovens que saem do campo para tentar uma vida melhor e acabam morando nas ruas e sofrendo com a violência.
Hildete (PJ) falou do extermínio da juventude negra, fez um apelo para que a Igreja abra as portas do coração para a juventude, já que a mesma se depara com tantas portas fechadas na sociedade e ainda testemunhou que foi na pastoral que ela fez a experiência pessoal do encontro com Jesus Cristo, que apesar da proposta de pastoral não arrastar multidões de jovens ela é muito importante e não deve acabar.
Tábata (PJE) deu um enfoque à questão ecumênica e ao diálogo inter-religioso e também ressaltou a dura realidade das escolas que não são inclusivas e nem atrativas para os jovens.
Depois das apresentações das pastorais, abriu-se para as falas dos presentes.
Foram feitas as seguintes colocações:
· Os grupos de base não se identificam como pastoral e nem como movimento e na sua maioria utilizam a espiritualidade da RCC;
· Os grupos de base não têm um planejamento, um programa de formação, reúnem-se sem orientação alguma;
· Quando os bispos escolhem um padre para acompanhar a pastoral sempre escolhem o padre mais jovem, porém ser mais jovem não significa conhecer a pastoral, penso que devemos investir em assessores/as leigos/as;
· O setor juventude vai contemplar a diversificação das juventudes e do seu atendimento. Cada realidade juvenil pede uma reposta específica. O setor é exatamente um passo para superar a deficiência do atendimento plural aos jovens que merecem um carinho e uma atenção especificada;
· O setor é importante, mas ainda precisamos aprofundar questões básicas como: assessoria, coordenação, planejamento, formação e articulação.
· O que é nacional tem força de inspiração e não de deliberação, o encaminhamento deve se dar de acordo com a realidade local. É um desgaste muito grande receber propostas que vêm de cima;
· O ponto de partida de toda pastoral deve ser a experiência pessoal do encontro do jovem com Cristo;
· O que sentimos nos grupos e base é a falta de subsídios, de material para trabalhar. Devemos preparar subsídios bíblicos com base na Palavra de Deus;
· A Pastoral da Juventude precisa estar ligada a Pastoral da Crisma, muitos jovens fazem o sacramento e não formam grupos de jovens;
· A Pastoral Vocacional também deve ser uma parceira da Pastoral da Juventude, é um dever de toda pastoral despertar vocações;
· Devemos ter uma linguagem própria para o trabalho com os adolescentes, têm muitos deles no grupo de jovens;
· Estou alegre porque vejo que a PJ está viva e que bom que estamos dispostos a ajudar a construir o Setor Juventude;
· Peço que as pastorais tenham um olhar para fora, vislumbrando os jovens que não estão nos grupos: os jovens que estão nos presídios;
· Havia uma preocupação muito grande dos bispos com relação a espiritualidade nas pastorais, mas estamos superando esta questão;
· O novo provoca medo, mas acredito que o que está proposto pelo setor juventude é dar passos em direção à IGREJA-COMUNHÃO. Não tenham medo de perder espaço, se aproximem do clero e dos pastores, coloquem-se numa postura de diálogo, ajudem no trabalho conjunto, dessa forma os pastores assumirão com carinho a juventude;
· Vejo com muita alegria as apresentações que foram feitas pelas pastorais. Reforço as palavras de Dom Dimas, os grupos de jovens não têm identidade. Precisamos ter metodologia para trabalhar com os jovens da periferia, mas também com os jovens da classe média O jovem da periferia sofre um processo gravíssimo de perda das raízes culturais. Precisamos conhecer e trabalhar com as diversas juventudes, peço que paremos para estudar e pensemos como dialogar com AS JUVENTUDES;
· As pastorais estão conseguindo diálogo com o setor? Ou estão brigando com os irmãos? Porque são irmãos de cabeça dura.
· A Igreja quer sim a juventude, o que a Igreja não aceita é a politização demasiada de alguns grupos e o espiritualismo vazio de outros;
· Estamos encantados com os conteúdos dos jovens aqui presentes. As pastorais da juventude tiveram problemas, porque se inseriram demais na sociedade e esqueceram da espiritualidade;
· O conselho de leigos/as tomou uma pancada da juventude na última assembléia e a partir dali começamos a pensar a juventude de forma específica;
· A juventude precisa está integrada com a Pastoral da Comunicação. Nós tiramos como estratégia priorizar a integração com a juventude;
· Algumas questões apontadas por bispos que não estavam presentes e enviaram as suas contribuições para o setor juventude. Problemas: falta de recursos, isolamento dos grupos, linguagem superada e arcaica, carência de gente preparada. Sugestões: discernimento vocacional, ter mais humildade e reconhecer que não são únicos, formação para seminaristas, propostas de matérias (relação da PJ com a Pastoral da Crisma, grupos de jovens, espiritualidade da PJ, Setor Juventude). Cuidado com certas falas, posturas e com as parcerias;
· Que a PJR pense em projetos que garantam a permanência do jovem no campo, realizando cursos técnicos e práticos e tentando mudar a mentalidade do campo;
· A PJE se articula com a Pastoral da Educação?
· As Pastorais da Juventude devem se articular com outras pastorais;
· Tem muita gente de pastoral que hoje atua nos movimentos sociais, e é uma atuação qualificada e diferenciada;
· As pastorais devem se preocupar com a formação eclesial;
· As pastorais defendem um cenário de Igreja mais horizontal, menos hierárquico e mais participativo;
· O setor juventude deve ter a função de integrar experiências diferentes que se completam;
· Os movimentos não têm engajamento e as pastorais não têm espiritualidade. Muitos jovens que procuram a pastoral para fazer uma experiência de fé se assustam quando chegam ao grupo e só ouvem falar de política;
· As Pastorais da Juventude geraram homens e mulheres autônomos, críticos e engajados nos movimentos sociais e na política partidária e estes conservam a mística que adquiriram na pastoral. Devemos proporcionar a autonomia das pessoas, não devemos criar filhos dependentes. Muitos jovens que estão nos movimentos não têm autonomia;
· As estruturas nas pastorais são pesadas demais, cada pastoral tem uma secretaria, as quais juntas têm outra secretaria, cada pastoral realiza encontros nacionais, de onde vamos tirar dinheiro para tudo isso. Tomem cuidados para a pastoral não vira ONG;
· Parabéns pelo testemunho. As pastorais devem pensar no trabalho de base e não ficar realizando muitos eventos. Os grupos de base estão precisando de formação, de acompanhamento. Quem vai sustentar uma organização tão pesada? Vamos nos voltar para as bases, é lá que a pastoral acontece;
· No ambiente paroquial muitas vezes se pensa que o jovem é quem realiza a festa, faz a limpeza, organiza as apresentações, prepara a missa, etc. Devemos apelar pela inserção dos jovens nas pastorais para que eles lutem na defesa dos seus direitos, movimentem-se, sejam mais engajados, conscientes, maduros. Vamos colocá-los na roda para uma ação pastoral mais madura e mais consciente;
· Fico alegre em ver a PJB viva e atuante. Já fui assessor das pastorais e peço a vocês que olhem a realidade da juventude indígena e da juventude ribeirinha, pois esta juventude é esquecida e isolada e recebe o que tem de pior da globalização. Eu penso que é possível permanecer em seu espaço original e acompanhar os avanços;
· Existe um corte entre RCC e pastorais, em meu regional o Ministério Jovem e a Pastoral da Juventude só faltam se pegar. O diálogo não é fácil;
· Gostaria de agradecer a PJ pela aliança missionária que foi feita com a Pastoral da Criança, sei que tivemos algumas dificuldades, mas ficamos encantados com a disposição dos jovens em sair para missão em lugares tão precários;
· O grupo de base é fundamental, toda ação que fazemos deve ser em favor dele;
· Precisamos fazer um trabalho de escuta para entender as luzes e as sombras do setor juventude;
· As pastorais devem estar atentas as seguintes questões: permanente diálogo com o clero, tomar muito cuidado para a PJ não acabar, se já não está acabando em muitos lugares, estudar o marco referencial, ter como centro da nossa ação o grupo de base, assumir a proposta da formação integral, valorizar o protagonismo juvenil, participar ativamente do setor juventude, trabalhar a questão vocacional e projeto de vida, cultivar vocações, prestar contas anualmente, preparar lideranças para todos os serviços eclesiais, assumir os documentos da Igreja, ter Jesus como centro, lembrar que é uma porta-voz d