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Raimundo, jovem místico e militante a favor da vida

Raimundo,

Estamos aqui, na CAJU, com você em todos os lados. Presença viva na memória de amigos/as, mãe, irmãs, irmãos, companheiros/as de trabalho, companheiros/as na vida. A sua partida faz lembrar a sua chegada…

 

Um jovem sonhador, desejoso de estudar direito para defender as causas populares, membro da Igreja de São Félix do Araguaia –MT, em diáspora na Arquidiocese de Goiânia, migrante, como tantos outros de nós, jovens pobres que deixamos nossas terras para aqui nos prepararmos como lutadores/as do povo na construção de uma sociedade justa, sinal do Reino.

A Amália recordou da casa que construíram juntos, uma república de seis jovens sonhadores,/as todos/as com desejo de conhecer mais de entrar na universidade. Recordou Arilene, Valterci, Deusdete, e tantos outras pessoas foram fazendo memória. Canuto nos falou de suas visitas sempre na hora do almoço em sua casa, assim como você me confidenciou nesta viagem que fizemos a Goiás.

Raimundo, fiquei lembrando seus dias aqui, por anos, estudando na biblioteca, vinham os vestibulares e nada de seu sonho se concretizar. E você dizia, falta pouco, no próximo ano. Passaram-se alguns antes de sua entrada e nenhum momento havia em você qualquer sinal de desânimo. Depois foram os anos da universidade outros sacrifícios para conseguir vencer. Nunca desanimou.

Você se integrou em nossas equipes na CAJU, nas tardes de formação, na equipe de metodologia e depois no projeto de liturgia. E foi neste serviço, na Escola de Liturgia para Jovens, na cidade de Goiás, um serviço a Igreja no Centro-Oeste do Brasil, a sua passagem para a vida eterna.

Sua mãe, Raimundo, hoje perguntou para mim: que casa é esta? E eu contei a ela sobre a Casa da Juventude e sobre você na CAJU. Ela viajou toda noite para encontrar conosco nesta sua despedida. Suas irmãs e irmãos estão aqui e contaram histórias suas. Contou-se que desde pequeno você vendia pão para ajudar no sustento de sua família. Contou-nos do heroísmo desta mulher pobre, negra, que criou a família só. Quanta vida doada!

Recordei da Assembleia dos 25 anos da CAJU quando, no meio da celebração, você faz uma memória de Padre João Bosco Burnier que nos colocou em Ribeirão Cascalheira-MT, sua memória de menino, sua memória de jovem. Nos contou que quando a cruz foi transplantada, tiveram que tirar um pedaço para caber no espaço. Você atento, guardou este pedaço da cruz contigo, por tantos anos na sua casa. E nesta celebração nos entregou esta relíquia, transferindo para nós o cuidado com este pedaço de madeira, que era para nós a memória a profecia. E tu, Raimundo, chamou duas gerações, uma pelos 25 anos e outra para os próximos 25 anos e fez a entrega solene. Que compromisso com a profecia!

Estamos aqui velando seu corpo, na CAJU, com todos estes sinais que você esparramou entre nós. Queremos, Raimundo, continuar com seu acompanhamento aí junto de Deus, primeiro para que nunca nos deixe faltar a coragem de seguir a Jesus, no compromisso com a vida dos/as pequenos/as, com os/as jovens empobrecidos/as. E que você interceda por nós para que a fidelidade ao amor de Deus, que você sempre testemunhou, possa nos iluminar em nosso caminho dos 25 anos.

Obrigada, Raimundo, a sua experiência eclesial, o seu cuidado comunitário estará sempre conosco. Agradeço em nome de todos/as.

 

  • Carmem Lucia Teixeira
    Coordenadora Geral da CAJU
    12 de dezembro, festa da madre Morena de Guadalupe.

    Raimundo, jovem místico e militante a favor da vida

    Na Assembléia das PJ´s do Centro-Oeste realizada na diocese de São Luis-GO, em 1994,acolhemos cerca de 150 jovens das 17 dioceses do Centro-Oeste do Brasil. Entre eles, um se destacava, não apenas pela imagem , mas pelo espírito que encarnava de uma igreja comprometida com os pobres. Ele trazia em si a experiência da Igreja Comunidade de São Félix do Araguaia-MT, cujo pastor à época era Dom Pedro Casaldáliga. Este jovem, alto, magro e cabeludo, era o Raimundo. Revolucionário, ele era a pura indignação com as injustiças sociais e nos ensinou, a todos e todas, jovens das PJs do Centro-Oeste, a compaixão e o amor à causa do Reino.

    Depois, mais tarde, como milhares de filhos e filhas das classes populares do Brasil, Raimundo saiu do interior e veio tentar a vida em Goiânia e, encontrou na Casa da Juventude Pe. Burnier, o espaço para manter vivo o seu compromisso com a sua prelazia mãe e não deixar apagar a chama da experiência da qual bebeu e que alimentava a sua mística militante a favor da vida. É assim que nos lembraremos sempre do Raimundo, como alguém que foi fiel à sua história, à sua origem e à igreja que se coloca com os pobres, preferencialmente, e faz com eles, à luz da fé, o caminho da libertação.

  • Willian Bonfim

Teias da Comunicação

Equipe Nacional de Comunicação da PJ "Teias da Comunicação"

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