Um simples argumento
Um simples argumento contextual nos diz o seguinte: "Não ao extermínio e assassinato de jovens brasileiros". Os jovens não são a causa da violência; são as vítimas. Nossa sociedade é democrática.
Sua característica é a "voz do povo". O clamor é uma necessidade fundamentada na perspectiva do bem comum. Será que devemos lutar por políticas públicas para os jovens?
A campanha da Pastoral da Juventude católica ecoa no dia a dia como um alerta ao vício corriqueiro do cotidiano. Habituamo-nos a afirmar que "o mundo está perdido", pois "a juventude de hoje não tem futuro".
Esquecemo-nos de que é este o mundo que é entregue por seus antecessores. Os políticos corruptos são jovens? Os assaltantes e assassinos são jovens? Os fabricantes de armas e agrotóxicos são jovens?
Os depredadores do meio ambiente são jovens? Todo o mal produzido pelo ser humano se resume na juventude?
Somos eloquentes ao afirmar que a juventude é a estirpe rebelde que não quer nada com nada, pois a sociedade oferece tudo do bom e melhor a ela. Vejamos. Na Coreia do Sul, 97% dos jovens ingressam em instituições de ensino superior. Na Bolívia, país com um presidente "autoritário, antidemocrático e comunista", 67%.
Na 8° economia do mundo, somente 8% dos jovens têm a oportunidade de ingressar em instituições de ensino superior. O jovem deve fazer essa pergunta à sociedade brasileira: se o futuro é a ampliação e qualificação educacional, 92% dos jovens serão eliminados?
Por vezes, quando não compreendemos o diferente, tendemos a tentativa de eliminá-lo ou, ao menos, excluí-lo do círculo social existente. Os jovens passo-fundenses de 14 a 18 anos estão sofrendo esta restrição em nome do bem social. Poucos questionam os adultos adúlteros que sustentam a prostituição de meninas nos arredores da rodoviária em direção ao bairro Cruzeiro.
Se um jovem, menor de idade, consome bebida alcoólica ou fuma, só o faz porque um adulto lhe vendeu! Se há casos de pedofilia na Praça Notre Dame (e aqui deveríamos ser mais radicais do que o somos) somente há por irresponsabilidade, do adulto criminoso. Virou moda "ficar" com moças de 14 e 15 anos e, pior do que isso, dizer que a moça é culpada por ter se insinuado ao adulto!
Um simples argumento: somos jovens! Nosso intento é a mudança de uma sociedade excludente. Lutamos por um mundo em que se preservem os direitos inalienáveis dos humanos e que, mesmo que não nos tenha sido deixado de herança, estamos dispostos a construí-lo.
Chega de guerras, de desigualdade social, de vício em drogas licitas e ilícitas, de assassinato planejado de jovens. Queremos e temos o direito de ser jovens. Avante juventude por um mundo melhor!
Sandro Adams
Acadêmico de Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier (Ifibe), de Passo Fundo (RS)
Publicado no Jornal O Diário – 18/08/2010