USP alerta para aumento de problemas de audição
Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 20% no número de jovens com menos de 20 anos atendidos pelo Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Segundo os especialistas, a queixa dos jovens que procuram ajuda médica é o zumbido permanente no ouvido. Os médicos apontam como principal causa o hábito de ouvir música em tocadores de MP3 e celulares com o uso de fones de ouvido por longos períodos e volume alto. Os aparelhos mp3, por exemplo, são capazes de produzir um volume máximo em torno de 120 decibéis, equivalente ao barulho provocado por uma britadeira.
Segundo Tanit Sanchez, médica responsável pelo serviço da USP, antes nenhum jovem procurava o ambulatório. “Atualmente, 311 pessoas estão cadastradas, sendo 18 adolescentes. E a exposição contínua a sons intensos é responsável pelo zumbido em cerca de 35% dos pacientes atendidos.” O sintoma é um dos primeiros indícios de problemas de audição.
Redução de sentido
Iêda Russo, fonoaudióloga e professora da PUC-SP, afirma que a exposição prolongada a um som com intensidade superior a 90 decibéis pode prejudicar a audição. Trabalhando há 35 anos na área, ela diz que houve uma mudança significativa na saúde auditiva dos jovens na última década. Atualmente, na média, eles começam a detectar nos testes sons acima de 10 ou 20 decibéis. O sentido da audição, ela lembra, não serve só para a comunicação, também é importante para apreender o que acontece fora do campo de visão.
A fonoaudióloga sugere que os jovens ouçam música na metade do volume dos aparelhos – de modo que os amigos ao redor não possam escutar o som.
Celular em excesso
Um estudo da Academia Americana da Medicina do Sono em Westchester (EUA), que observou 21 jovens entre 14 e 20 anos, constatou que aqueles que usam em excesso celulares têm mais dificuldade para dormir e sofrem de estresse e fadiga.
A pesquisa dividiu os jovens em um grupo de controle e um experimental. O grupo de controle realizou menos de cinco chamadas diárias e/ou enviou cinco mensagens de texto ao dia. O grupo experimental realizou mais de 15 chamadas e/ou enviou 15 mensagens de texto. Em seguida, os participantes tiveram que responder a um questionário sobre seus hábitos de sono e seu estilo de vida. Os jovens que usavam o telefone de forma excessiva mostraram um estilo de vida descuidado, maior consumo de bebidas estimulantes, dificuldades para dormir, além de maior suscetibilidade ao estresse e à fadiga.
Outro levantamento sobre o uso de celulares por jovens, publicado no site The Register, na Europa, revelou que os jovens de hoje gastam oito vezes mais com telefonia celular do que com música, dedicando até 20% de seu dinheiro para comunicação e serviços associados. De acordo com o site, eles recebem seu primeiro celular aos 8 anos de idade e, ao final da vida, terão gasto cerca de US$ 28 mil com este tipo de serviço.
O pesquisador responsável pelo estudo, Graham Brown, comentou que a telefonia móvel está esvaziando bolsos e carteiras. "Em 2007 os jovens entre 5 e 24 anos gastaram mais de US$ 150 bilhões em celulares, comparado a um gasto zero, há 10 anos."
Fonte: UOL/ Aprendiz/ Terra