Viver Belém é confiar no projeto de Deus
“Pois tu, Senhor, és minha esperança e a
minha confiança desde a minha juventude”
(Salmos 71, 5)
Continuamos nossa linda caminhada de discípulos e discípulas, de missionários e missionárias do Nazareno pela revitalização das Pastorais da Juventude e inspirados na mística de Belém. Nesse mês, buscamos nessa mística os sinais de confiança que explodem.
Como dissemos no último texto, o “sim” de Maria manifesta sua confiança total no projeto de Deus (Lucas 1, 26-38). Também destaca-se a confiança de José que, alertado pelo anjo, foge com Maria para protegê-la (Mateus 1, 20-21). A confiança dos pastores que vão as pressas ver o Menino em Belém (Lucas 2, 8-15); os magos que confiam esperançosamente na estrela como guia em meio ao calor do deserto (Mateus 2, 5-6). Belém, dessa forma, é também lugar por excelência da confiança.
A dimensão da confiança perpassa a Sagrada Escritura muito conforme relacionado a grandeza da fé. No livro de Jó a confiança está estritamente ligada à justiça, sendo que, “a confiança do injusto é um fio frágil e sua segurança é uma teia de aranha” (Jó 8,14). O salmista cantando a confiança em Javé e na firme opção pelo projeto, poetisa: “Que um exército acampe contra mim! Meu coração não tremerá! Que uma guerra estoure contra mim! Ainda assim confiarei” (Salmos 27,3). Há na dimensão da confiança também o horizonte escatológico da esperança e da novidade do testemunho em Javé “pôs em minha boca um cântico novo, um louvor ao nosso Deus. Vendo isso muitos irão temer e confiarão em Javé. Feliz quem confia em Javé!” (Salmos 40, 4). Ainda quando as situações se apresentam como sem volta “levanta-me no dia terrível, pois eu confio em ti” (Salmos 56, 4). Em forte oração de reconhecimento a Javé, ainda, o salmista canta “Pois tu, Senhor, és minha esperança e a minha confiança desde a minha juventude” (Salmos 71, 5). Na sabedoria popular de Israel encontramos “vou instruir você hoje para que em Javé esteja sua confiança” (Provérbios 22, 19). Paulo, em escrito da segunda geração, escrito as comunidades de Éfeso, releva a confiança em Deus que temos a partir do testemunho deixado por Jesus: “Nele ousamos aproximarmo-nos de Deus com aquela confiança que a fé em Cristo nos dá” (Ef 3, 12). A carta de João pede que sejamos coerentes ao projeto libertador de Deus e em comunhão total através da confiança: “Ao nos dirigirmos a Deus, podemos ter essa confiança: quando pedimos alguma coisa, conforme o seu projeto, Ele nos ouve” (1 Jo 5, 14). Poderíamos ainda dizer da confiança dos patriarcas e das matriarcas, dos profetas e profetizas, da mulher Ester, da mulher Judite, da confiança do amado e da amada dos Cantares e tantos mais. O elemento da confiança se faz constitutivo do Povo de Deus a caminho, da juventude que constrói seu horizonte e põe a mão na massa para construir a Civilização do Amor.
Que triste seria se não tivéssemos em quem confiar! Mais triste é quando achamos que não precisamos confiar em ninguém e que tudo gira em nosso umbigo. Como é bonito perceber a confiança de um casal de namorados. Que beleza a confiança
dos pais no protagonismo dos filhos. Que mistério e profundidade vermos dois amigos na partilha da vida. Não é a toa que a confiança vestida também de fidelidade é uma das provas do Divino habitando na juventude.
A ação eclesial com a juventude se não assumir a confiança plena nesses sujeitos históricos está fadada ao fracasso. É impossível pensar uma ação pastoral com a juventude que não confia no/a jovem e que não lhe é fiel. Aqui também aparece a dinâmica da coerência, mas esse é ainda será outro assunto.
A Confiança como elemento fundamental na história do Povo de Deus e em Belém dever ser pois elemento fundamental da ação pastoral com a Juventude. Bem como a fidelidade, uma vez que não há confiança sem fidelidade e não há fidelidade sem confiança.
Que sigamos confiando na estrela que nos leva
à revitalização para a vida da juventude!
Luis Duarte – Integrante da Coordenação Nacional da PJ – Regional Centro Oeste
Maicon André Malacarne – Assessor da PJ de Erexim/RS.