1º Domingo do Advento: o chamado coletivo à esperança
“Que alegria quando ouvi que me disseram: Vamos à casa do Senhor!”
Salmo 121, 1
O primeiro Domingo do Advento inaugura para nós um novo tempo. Não se trata apenas do novo ano litúrgico, mas uma con-vocação, um chamado coletivo ao mistério da espera.
A visão de Isaías sobre Judá e Jerusalém convida o povo espoliado de Javé a sonhar de novo. “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos” (Is 2,3).
Sob a con-vocação da esperança, a Pastoral da Juventude de todo o Brasil também mergulha na mística da expectativa, enquanto se prepara para peregrinar até a montanha – ao pé da Serra do Mar onde se encontra Joinville, a morada de Deus e da PJ durante a Ampliada Nacional que se aproxima. Na cidade das flores, o Senhor cumprirá a promessa de fazer de toda a nação um só povo reunido ao seu redor, uma grande assembleia de discípulas e discípulos com o objetivo comum de destruir as armas de violência e construir um tempo de paz (cf Is 2,4).
A liturgia desse Domingo nos fala das esperanças antigas, como aquelas formuladas por Isaías, que guiaram o povo até a Nova Jerusalém; e aquela anunciada pela estrela, que revelou aos magos do oriente a manjedoura de Belém onde ninava o pequeno Deus. Nos leva a direcionar o olhar e fazer memória das utopias, das inquietudes e da fé que moveram a Pastoral da Juventude do Brasil por 50 anos de história.
Mas essa liturgia também dá um tremendo salto, e nos aproxima do mistério que envolve a segunda vinda de Jesus, a vinda definitiva. No contexto do Advento, o evangelho da comunidade de Mateus centra nossa atenção na atitude de vigilância que devemos manter (cf Mt 24). O Advento é, por excelência, um tempo de espera ativa. Esse tempo nos orienta ao cultivo da espiritualidade e da mística da gestação, que nos faz acreditar na força da vida que permanentemente está para nascer.
Sobre o primeiro Domingo do Advento, São Oscar Romero disse que “Agora vivemos já na hora escatológica, porque Cristo, com sua encarnação e com sua ressurreição injetou na terra a última oportunidade que Deus está dando aos homens para serem salvos. Salvação que já começa nesta terra. Salvação que quer dizer liberdade. Verdadeira liberdade do pecado, dos egoísmos, do analfabetismo, da fome. Liberdades da terra que nos preparam para a grande liberdade do Reino dos Céus.” Com Monsenhor Romero, reafirmamos que essa vida perene se trata do aqui e agora, como prelúdios do Reino de Deus, como um olhar para o que vem. A salvação começa já nesta terra, e é experimentada ao nos libertarmos, e às nossas irmãs e irmãos, “do pecado, dos egoísmos, do analfabetismo, da fome.”
Que essa jornada de Advento que se inicia, na qual peregrinamos rumo à festa da chegada do Deus Conosco, seja um convite definitivo a nos perguntarmos: como podemos voltar aos seus caminhos, para sermos semente de um mundo novo, mais humano, mais justo e mais amoroso em nosso meio? Como a Ampliada Nacional da PJ de Joinville pode nos ajudar na pavimentação do caminho do Reino?
Assim, estaremos sempre alertas e vigilantes, esperançando a vinda do Senhor e do Outro Mundo Possível que se aproxima e que já é definitivo entre nós.
Gabriela Gandolfo da Silva – Coordenadora Nacional da PJ pelo Regional Sul 2