Dia da Consciência Negra

“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.” (Salmo 24, 7)Hoje é o dia de Cristo Rei do Universo, que além de marcar o encerramento do ano litúrgico, também ressalta a soberania e o amor do filho de Deus, que encarnará no ventre de Maria, para nos salvar.Neste ano, o Cristo Rei se aproxima da realeza africana. Afinal, é dia da Consciência Negra, que através da figura de Zumbi dos Palmares e outras personalidades, ressaltam a luta dos povos africanos por liberdade e respeito nas amplas esferas da sociedade. Mas seria esta aproximação uma mera coincidência de datas?A cultura popular nos mostra que não. As missas afro inculturadas trazem a tona o que muitos querem esconder: diferente das imagens brancas, loiras e onipotentes que temos retratados em muitos espaços, Jesus era um homem que se fez pobre, esteve em meio aos pobres, e tinha o rosto e a cor do povo que era (e ainda é) oprimido. Nas congadas, nas rodas de capoeira, nos jongos, Jesus também é Rei. Um rei negro, que se aproxima de seu povo e compartilha com ele as dores, esperanças e orgulhos de suas histórias. Da mesma forma, sua Mãe Maria, também se apresenta como negra, através da imagem de Nossa Senhora Aparecida. A profecia da Negra Mariana ressou nas senzalas, nos quilombos e nas periferias, protegendo e sendo aclamada pelas mulheres negras, cheias de raça, que não tiveram de graça o que receberam. Através do Rei Jesus e da Rainha Mariama, a representatividade se faz presente, personificada nas várias irmãs e nos vários irmãos que ocupam vários espaços nas sociedades.Acontece que essa ocupação não se trata apenas de ter uma pessoa preta em espaços deliberativos, determinantes. É preciso saber como ocupar. Fazer esse movimento individualmente, pode ser doloroso e mais suscetível de erro.Daí lembramos dos quilombos, de mulheres e homens fortes como Tereza de Benguela, Zumbi e Zacimba. Quando organizados, conseguiam acolher muito mais a outros e a resistir por muito mais tempo. Portanto, como Reis e rainhas, guiados por Cristo Rei do Universo, que se fez nosso irmão, estando conosco, que possamos nos empoderar dos espaços, e ressaltar a realeza que habita em cada um de nós, para que possamos nos aquilombar e nos fortalecemos constantemente. Nos lembremos sempre uns dos outros, do nosso papel e luta nos espaços e que não nos percamos de nosso horizonte, que é a defesa da vida e dignidade das juventudes, de maneira especial o povo preto! “Saravá esperança! Até o sol raiar!”

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