#16DiasDeAtivismo | Pela construção das relações de gênero na infância
As crianças constroem um “sistema interno de regras de gênero” a partir de sua experiência e das representações disponíveis na cultura em que está inserida. Através da linguagem e de estímulos sociais e culturais com que interagem, as crianças aprendem as expectativas para seu comportamento. A relação com outras crianças, com os adultos com quem convivem, no cotidiano da escola, na rua e nos diversos ambientes que fazem parte do seu dia a dia contribuem para a construção das brincadeiras e expressões performadas pelas crianças.
É principalmente o discurso dos adultos que as crianças tem como referência que as ensinam como “devem” se comportar. No processo educativo, as brincadeiras infantis não são neutras. Quando se oferece bonecas, panelinhas, fogões e vassouras para as meninas, enquanto aos meninos são oferecidos carrinhos, bolas e correrias, limitamos suas opções e designamos condutas a serem cumpridas: confinam as mulheres no plano doméstico e os homens no espaço externo.
Expressões como “isto não são modos de meninas” ou “meninos não choram” são formas de reforçar conceitos de feminilidade e masculinidade, valores culturais que acentuam, no homem, características de agressividade, independência, força e atividade; e na mulher, características de fragilidade, dependência, docilidade e passividade.
É importante destacarmos que as crianças ainda não possuem o sexismo da forma como ele está disseminado na cultura construída pelos adultos: as crianças vão aprendendo a oposição e a hierarquia dos sexos ao longo do tempo, tendo esse comportamento reforçado na convivência com a família e a permanência na escola. As crianças, porém, não são recipientes passivos, mas estão sempre (re)negociando suas relações. Essas aprendizagens em relação ao gênero, internalizadas na infância, vão se desdobrando nas relações estabelecidas durante toda a vida e ora são reproduzidas, ora são transformadas e recriadas num profundo processo de reinvenção.
Sendo assim, cabe às famílias, escolas e sociedade serem não apenas um espaço de manutenção dessas relações e hierarquias, mas um lugar que permita profundas transformações, oferecendo um ambiente favorável à desconstrução de padrões engessados que não nos servem mais enquanto sociedade.
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Pela vida das Companheiras!