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#16DiasDeAtivismo | A cultura do estupro

 #16DiasDeAtivismo | A cultura do estupro

A expressão “cultura do estupro” surgiu no ano de 1970, para indicar um ambiente cultural propício a esse tipo de crime por ter mecanismos culturais (normas, valores e práticas) em que as pessoas acabam naturalizando e aceitando algumas violências em relação à mulher.
Segundo esse conceito, o princípio que norteia essa cultura é a desigualdade social existente entre homens e mulheres. As mulheres são vistas como indivíduos inferiores e, muitas vezes, como objeto de desejo e de propriedade do homem o que autoriza, banaliza ou alimenta diversos tipos de violência física e psicológica, entre as quais o estupro.

Assim, a “cultura do estupro” difunde, legitima e defende a violência contra a mulher, tudo isso advindo pela disseminação da ideia de que o valor da mulher está diretamente vinculado às suas atuações morais e sexuais e o valor do homem não. Para termos uma ideia da dimensão desta cultura é só pararmos para observar as falas e casos que foram sendo naturalizados ao decorrer dos anos, fazendo com que os homens se sintam com o direito de cometer violência sexual conta as mulheres.

A objetificação sexual é outro fator que alimenta de forma veemente a “cultura do estupro”, uma vez que, desde criança é ensinado que o corpo da mulher é uma mercadoria que pode ser consumido, sendo colocada sempre num papel de despertar o desejo sexual do homem, a mulher deixa de ser vista como indivíduo e passa a ser objeto apreciado. Dessa forma, o menino cresce acreditando nisto e constrói padrões que o acompanhará ao decorrer da vida.

Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 527 mil pessoas sofrem algum tipo de violência sexual por ano no Brasil. Esses dados nos mostram que a violência se mostra crescente e ainda de forma enraizada trazendo consigo o que chamamos de normatização da violência.

Oficialmente, no Brasil, ocorrem 50 mil registros de estupros por ano, dado que o IPEA estima
corresponder a apenas 10% do número real, já que pelo menos 450 mil meninas e mulheres violentadas não dão queixa à polícia, por razões que todos conhecemos.

Neste sentido, percebe-se que as mulheres sentem-se culpadas e responsáveis pela agressão e acabam por ficar em silêncio e temem denunciar por medo e vergonha.
Precisamos romper com esta cultura, não devemos cobrar de meninos que sejam “pegadores”, nunca podemos culpar uma menina pelo que aconteceu com ela, precisamos entender que a palavra “NÃO” É NÃO!

O fato de o estupro ter se tornando banal, e for tido como aceitável traz consigo efeitos avassaladores nos índices de violência. Pois os casos vão aumentar à medida que acharmos
natural uma menina ser estuprada e no final ela ser tida como a culpada por tal violência. É necessário que tenhamos em mente que nenhuma mulher tem o direito de ser estuprada, mesmo estando ou não de saia curta, bêbada ou não, sozinha ou acompanhada. É essencial compreendermos que a culpa não é da vítima.

Portanto, combater a “cultura do estupro” requer essencialmente a compreensão da mulher como individuo, e não como objeto. O consenso e o respeito serão fundamentais neste processo de combate, bem como estarmos atentos a qualquer atitude de violação e agressão à liberdade sexual das mulheres e denunciar o mais rápido possível.

Referências:

Thiesco Crisóstomo

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