Partilha da caminhada… Julho a Setembro de 2010

Sigo meu instinto animal,
Cruzo mil fronteiras
Garimpando amor,
Semeador.

Julho de 2010

Comecei o mês de julho vivendo um momento magnífico da minha vida, vivenciando a Romaria da Terra e das Águas em Bom Jesus da Lapa. Foi simplesmente mágico, que lugar encantador, lindo e propício para rezar muito.

Ainda no mês de julho participei de algumas atividades em Salvador: reunião com o pessoal do Marista, conversa com o clero da minha região pastoral, assessoria no encontro da Paróquia São José de Amaralina, oficina sobre a Campanha na Jornada de Espiritualidade, etc.

Esse mês foi marcado pelas atividades das Pastorais da Juventude: Reunião de Preparação das Atividades Permanentes e Plenária Nacional. Foram momentos revigorantes, de muito ânimo e revitalização. Revitalizei meu corpo, minha alma e mais do que nunca reafirmei a Igreja Jovem que creio e amo.

Agosto de 2010

Na cidade de Jequié, ajudei na assessoria do seminário sobre a Campanha Nacional contra a Violência e Extermínio de Jovens, foi muito massa o seminário, é muito bom sentir a campanha e a PJ vivas nas bases.

E a campanha não para… Nas terras do Espírito Santo vivenciei o Seminário Capixaba da Campanha. Uma atividade cheia de pluralidade, olhares diversos e muitos conhecimentos… Agradeço ao povo capixaba pelos momentos vividos, a deliciosa moqueca capixaba, os passeios, a reunião com a juventude e Chico, as brincadeiras, a celebração e a convivência com um grupo maravilhoso de vocacionados maristas, o forró do pneu furado, as vivências no IJP de Vitória (Casa de Sidnéia e Parraro), a acolhida e o cuidado de Flávia…

Casamento de Quim e Quel… Tempo de reencontro, de sonho, de memória, de utopia, de amor, de descobertas, de beleza, de encanto, de simplicidade… Palavras e imagens não vão dá conta de revelar tudo o que vimos, ouvimos e sentimos naquela celebração.

Seminário Regional do Piauí… Ainda estão em meu corpo as sensações maravilhosas que senti naquela terra sagrada de Oeiras, a viagem foi longa, a estrada parecia não ter fim, mas cada minuto de ansiedade foi recompensado pelos olhares, palavras, gestos, sentimentos, partilhas, aprendizagens, enfim por aquele encontro tão maravilhoso, a presença de Gigi era tão forte, que senti o seu abraço e a sua alegria… Obrigada Juventude linda do Piauí, foi muito bom conviver com cada um de vocês.

Setembro de 2010

Setembro é sempre um mês lindo, encanta-me muito viver o mês das flores, dos sonhos, da beleza… Comecei o mês arrumando a mala rumo à Venezuela, na bagagem coloquei sonhos, rostos, cheiros, lembranças, expectativas, desejos, ousadia, resistência, memória e muita alegria. A viagem foi longa, ficar no avião por muitas horas é muito ruim, tenho medo…

Ao chegar à Venezuela vivi a triste ilusão que ficaria de bobeira, mas logo a equipe latino-americana fez o favor de me pescar para a equipe de serviço, resisti muito e não queria trabalhar, mas fui convencida e me coloquei a disposição, foi bom, aprendi muito, conheci pessoas maravilhosas e recebi o presente de coordenar uma comunidade ao lado de Sandily, uma jovem linda, encantadora e doida da Venezuela… Ela se tornou minha amiga, porque nos identificamos muito.

Depois de três dias intensos de capacitação, chegou a hora tão esperada de encontrar o meu povo do Brasil, confesso que o primeiro encontro com a delegação não foi muito legal, senti que a delegação estava em seu primeiro encontro encaminhando coisas, falando com objetividade e frieza daquele momento tão rico que esperava por nosso encanto, nossa alegria e desde o inicio já era perceptível que por falta de uma boa preparação e coordenação, estávamos prestes a não sermos uma comunidade brasileira e sim uma delegação brasileira sem comunhão e fechada em nossos mundos: MOVIMENTOS E PASTORAIS.

O congresso foi muito intenso, trabalhamos muito e vivenciamos pouco, era muita produção e pouca vivência, não parávamos nem um minuto das cinco da manhã até meia noite. Faltava tempo para tudo, a metodologia se preocupava com o trabalho, com a produção e esquecia muitas vezes, que estava à frente deles uma imensa riqueza de vidas, belezas, testemunhos, experiências, sonhos, marcas, gritos, enfim a imensidão da diversidade latino americana.

Um capítulo a parte merece os sentinelas do encontro, eram os jovens que estavam servindo no congresso, jovens lindos, dedicados, apaixonantes e testemunhas vivas de um Cristo companheiro, amigo, simples e amoroso. Agradeço a Deus pela graça de ter convivido com os/as sentinelas, em especial Gilmer e Ana. O momento de agradecimento onde Gilmer falou em português para a nossa delegação e chamou cada um e cada uma pelo nome, jamais sairá da minha mente, do meu corpo e do meu coração. Obrigada Lindo Amigo Gilmer.

Percebemos no congresso diversos jeitos de ser Igreja e de fazer pastoral, cada vez fica mais forte que a ala conservadorada está avançando e o jeito de fazer pastoral encarnado na realidade do povo, a partir de uma visão comunitária e libertadora está perdendo espaço. Durante todo o congresso fomos obrigados/as a reconhecer que protagonismo juvenil, inculturação, libertação, diálogo, memória, ecumenismo, profetismo, autonomia, comunidade… São palavras fora de moda no meio eclesial. Todas as atitudes diziam por si: “QUEM PODE MANDA E OBEDECE QUEM TEM JUIZO”.

Acho que a única delegação que respeitou a orientação de que 70% do grupo fosse de jovens foi a nossa, a quantidade de padres, bispos e adultos era enorme e a voz juvenil ficou abafada e escondida em meio as tantas vozes da “experiência”.

Apesar de todas as contradições, das incoerências, do desrespeito ao protagonismo juvenil, da falta de diálogo e de espaços para sermos nós mesmos, ficam no coração os sorrisos, os rostos, as belezas, as paisagens, as praias, as montanhas, os sonhos, os caminhos, as músicas, as comidas, as tentativas de gritar e de dizer o que pensamos e sentimos, mesmo não sendo escutados/as…

“Quero ser pão para fome, ser pão de meu povo e construir o escândalo de compartir”.

E o mês de setembro vai seguindo, nos próximos finais de semana terei atividades bem comunitárias e pessoais, neste final de semana o meu grupo de jovens celebra 15 anos de história e no próximo o meu irmão vai casar na Igreja.

E que venha outubro para que eu possa votar por um Brasil cada vez mais participativo e democrático e também para eu pisar na terra maravilhosa de Imperatriz e participar da reunião da CN e CNA, depois viver o seminário da Pastoral Afro e logo em seguida prestar o concurso da Prefeitura de Salvador para Professora de Língua Portuguesa. Conto com as orações.