16DiasDeAtivismo | Cor, gênero e classe: os desafios das mulheres pretas

No Brasil, a maioria das mulheres negras está na base da pirâmide social, sujeitas às piores condições de trabalho, menores salários, ocupando postos de trabalho precários e vivendo em lugares sem condições básicas de moradia e sustentabilidade.
As estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam que 21% das mulheres negras são empregadas domésticas, muitas das vezes sem carteira assinada e direito trabalhista. Ainda, todos os estudos comprovam que as mulheres negras estão entre os piores índices de indicadores sociais e econômicos do país.
Acerca das condições de vida, na questão de saneamento, de condições estruturais, as mulheres negras são na grande maioria das vezes as mais prejudicadas. Cerca de 40% das mulheres negras não têm acesso a esgoto. Esses são fatores que influenciam no número de óbitos causados pelo coronavírus e também em outras questões relacionadas à saúde pública. Da mesma forma, mulheres negras têm um rendimento médio real menor que a metade da renda de homens brancos. Acima delas também estão os homens negros e em seguida as mulheres brancas.
Tais condições se perpetuam por diversos fatores onde a mulher negra enfrenta ainda alguns tabus, o preconceito de gênero (vivido por toda mulher), o de raça (que versa sobre a população preta e parda) e o de classe (nos quais estão inseridos os mais vulneráveis).
No Mapa da Violência, encontram-se dados alarmantes: enquanto o feminicídio de mulheres negras experimentou um crescimento de 54,2% entre 2003 e 2013, no mesmo período, o homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%. Sem Falar na objetificação e Hipersexualização do corpo negro, a construção da “mulata” e da “Globeleza” mostra um trágico passado ainda muito presente repleto de violências: sexuais, psicológicas e morais.
Quando não precisa se defender, a mulher negra tem que defender os seus: também de acordo com o Mapa da Violência, dos cerca de 30 mil jovens entre 15 e 29 anos assassinados por ano no Brasil, 93% são homens e 77% são negros. Além de enfrentar o racismo enraizado que se reflete todos os dias, que lhe priva direitos, afetos, cuidados e até mesmo o exercício de ser quem se é.
Diante de tal realidade é necessário lutarmos juntos/as por políticas públicas que garantam os direitos das mulheres negras e os façam valer, como também fazer ecoar o grito de tantas companheiras que sofrem e são silenciadas. Pois como diria a escritora Audre Lorde, “não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”.

Quer ler mais sobre o assunto e ficar por dentro da Campanha de 16 Dias de Ativismo pela Vida das Companheiras? Acesse aqui a página especial no site da PJ Nacional par a Campanha.

Pela vida das Companheiras!

REFERÊNCIAS:

Postagens relacionadas

Leave a Reply

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.