#16DiasDeAtivismo | O machismo afeta mulheres e homens
O machismo é muito mais que apenas um modo de pensar ou uma atitude individual. É um elemento estruturante da nossa sociedade, moldando as relações não só entre homens e mulheres, mas também entre seus pares. Desde muito cedo somos condicionados a se comportar de tal modo, se aproximando o máximo possível dos estereótipos machistas de masculinidade e de feminilidade. Desta cultura machista estruturante que se originam as definições de feminino, em que a mulher é destinada à dimensão do cuidado e do lar, à reprodução e o prazer, à passividade e a submissão, enquanto o homem é destinado à vida pública, ao trabalho, a virilidade e agressividade.
O machismo, como toda relação de poder, foi construído e é mantido com base na força e na violência para garantir o privilégio de uns em detrimento e outros. Nesse caso, quem carrega a duras penas o peso dos privilégios dos homens são as mulheres. Não é recente a luta em que as mulheres, a partir das correntes feministas, evidenciam a grande violência que sofrem pelos homens e buscam ampliar os seus direitos.
Contudo, a desigualdade e a violência parecem não diminuir. As mulheres ainda recebem 30% a menos que homens e não alcançam o as 13% dos cargos eletivos na política brasileira. Não só lhes são negados seus direitos sexuais e reprodutivos como há um grande desrespeito ao corpo da mulher objetificado e sexualizado. Basta conferir os dados (muitas vezes incompletos) sobre a pressão à maternidade, a violência obstétrica, o assédio e o estupro. E se não bastasse toda essa violência, o machismo em sua maior expressão rouba o direito à vida das mulheres, tratadas como posse, ou como um pedaço de carne, vítimas em grande parte das pessoas mais próximas, de quem devia se esperar uma atitude de proteção. Registramos um caso se feminicídio a cada 7 horas!
A luta contra o machismo, contudo, não é a luta contra os homens, mas contra estruturas e comportamentos que causam a violência e morte, inclusive de homens. Os privilégios que os homens têm com machismo não são livres de ônus. O estereótipo “macho” reproduzido pela masculinidade hegemônica que pressupõe que os homens sejam viris, fortes, ativos, provedores é altamente destrutivo.
Os homens são os que mais morrem por problemas de saúde, por falta de higiene e cuidado com a saúde, pelo consumo de altos níveis de gordura, álcool e tabaco. O câncer de próstata, a doença que mais mata entre os homens, ainda é um grande tabu uma vez que 21% da população masculina acima de 40 anos não faz o exame de toque retal, essencial no diagnóstico do câncer, por não considerar “coisa de homem”. A repressão das emoções torna os homens as maiores vítimas das doenças emocionais, com taxas de suicídio quase quatro vezes maiores que as mulheres. Se falamos de fatores externos, como violência e acidentes de trânsito, os homens representam mais de 90% das vítimas. Na dimensão sexual o estereotipo pornográfico, cria no imaginário masculino performances irreais, causando várias disfunções sexuais, limitando o vivencia do prazer ao falo. Um em cada cinco homens entre 22 e 30 já recorreu algum estimulante por insegurança.
Podemos afirmar que o machismo não faz bem a ninguém. Ceifa vidas tanto de mulheres quanto de homens, mesmo que cada um à sua forma. Por isso, construir novas relações de gênero não é só responsabilidade das mulheres, mas também dos todos os homens.
Quer ler mais sobre o assunto e ficar por dentro da Campanha de 16 Dias de Ativismo pela Vida das Companheiras? Acesse aqui a página especial no site da PJ Nacional par a Campanha.
Pela vida das Companheiras!
Fontes:
CATRACA LIVRE. Brasil registra um caso de feminicídio a cada 7 horas. Disponível em: https://catracalivre.com.br/cidadania/brasil-registra-um-caso-de-feminicidio-a-cada-7-horas/. Acesso em: 01 dez. 2020
FERNANDES, Nathan. Como estereótipos de masculinidade afetam a vida e a saúde dos homens. Disponível em: https://www.justicadesaia.com.br/como-estereotipos-de-masculinidade-afetam-a-vida-e-a-saude-dos-homens/. Acesso em: 01 dez. 2020.