#16DiasDeAtivismo | Imposição de papéis de gênero como vetor de desigualdades

Os modos de encarar o corpo e a construção de gênero e sexualidade são elaborados socialmente e culturalmente em cada sociedade; ou seja, não há uma identidade masculina e uma identidade feminina única, fixa, imutável, universal, válida para todos os tempos e espaços. Na maior parte das sociedades, no entanto, é possível perceber a criação de uma ideologia que sustenta relações, onde o masculino é mais ressaltado, valorizado, tido como superior, enquanto as mulheres são colocadas em lugares subalternos e vistas como submissas, de forma a consolidar práticas de dominação e sustentação do patriarcado e da cultura machista que nos rodeia. Esse conceito segue sendo utilizado para classificar e desclassificar atribuições masculinas e femininas, perpetuando práticas de exclusão e desigualdade.
A reprodução dos papéis sociais distintos desde a primeira infância, como vista nos dias anteriores, tais como a classificação de brincadeiras “de meninos” e “de meninas”, a divisão de tarefas da casa entre meninas e meninos, cores que só podem ser usadas por determinado gênero e o conceito de predeterminação psicológica (como a atribuição da racionalidade aos homens e da afetividade às mulheres) reforça a estrutura familiar patriarcal e a ideia determinista de que as mulheres devem permanecer no ambiente privado, doméstico, da vida familiar, exercendo um trabalho árduo e não remunerado de gestoras da família, enquanto aos homens cabem os espaços públicos, a função de provedor da casa. No ambiente familiar também se nota a distinção entre as tarefas exercidas por homens e mulheres, deixando às mães e esposas a responsabilidade da chamada tripla jornada de trabalho, que envolvem o trabalho remunerado externo que por ventura exerçam, além do cuidado com a casa e com os filhos e filhas.
Também reforça a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, ligando as mulheres às profissões das áreas de educação e cuidados de saúde, enquanto outras profissões que envolvem força e habilidades “racionais” são dominadas pelos homens. Essa distinção aparece também na diferença salarial entre homens e mulheres: estima-se que as mulheres recebam 30% menos do que homens quando ocupam a mesma posição/cargo em uma empresa. O número de mulheres ocupando altos cargos de poder em empresas também são muito menores em relação aos homens, isso porque, muitas vezes, são consideradas menos aptas ou mesmo deixam de ser contratadas pelo “empecilho” de serem mães ou passíveis de engravidarem.
Existe ainda uma grande assimetria entre homens e mulheres na esfera política, estando as mulheres sub representadas nas arenas de poder e tomada de decisão, como nas casas legislativas, nos cargos executivos, no judiciário e mesmo nos conselhos de direitos presentes em diversos municípios e estados.
Além das distinções apontadas, é importante ressaltar que esses contrastes nas relações entre os gêneros são interseccionais, tendo elementos como classe e raça como variáveis na reprodução dessas desigualdades. Dessa forma, o gênero, tal como é vivenciado, legitima essas relações de poder assimétricas em todas as esferas, que perpetuam diferenças no acesso aos recursos naturais, sociais, culturais e simbólicos em cada sociedade.

Quer ler mais sobre o assunto e ficar por dentro da Campanha de 16 Dias de Ativismo pela Vida das Companheiras? Acesse aqui a página especial no site da PJ Nacional par a Campanha.

Pela vida das Companheiras!

Postagens relacionadas

Leave a Reply

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.