2° Domingo da Quaresma: fortificadas e fortificados pelo poder de Deus

Nossa Liturgia hoje nos apresenta ensinamentos que devem fazer parte de nossa vida e de nossa participação enquanto Igreja, Igreja jovem.

Comecemos pelo Salmo 32 que nos dirá: “Deus ama o direito e a justiça”. Como falar de direito e justiça quando grande parte da sociedade brasileira tem aversão e cria sistemas que deturpam o direito e aniquilam a justiça? Criam o modelo de “direito” para alguns e “justiça” para poucos. Faz-se necessário que haja uma verdadeira humanização do direito e da justiça, para que ambos sejam geradores e mantenedores do bem-comum, isto é, da tão necessária Civilização do Amor.

Na leitura do Gênesis vemos como Deus é exigente e cobra de nós um comprometimento confiante: “Sai da tua terra, da tua família e da casa de teu pai e vai para a terra que te vou mostrar” (Gn 2,1). Era preciso sair de Ur dos Caldeus, pois sua missão deveria alcançar outras terras e pessoas. Aqui já vemos que, ao cobrar de Abraão sua saída de seu lugar de conforto, Deus o prepara e envia para o mundo. O modelo de homem-fé, Abraão, deve contagiar a humanidade.

Obviamente que o seguimento do Senhor causava e causa, ainda hoje, perseguições e sofrimentos. Constatamos isso na 2ª Carta de Paulo a Timóteo: “Sofri comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (2Tm 1,8b). Todavia, a coerência ao assumir corajosamente a fé em Jesus Cristo rendeu a Paulo a Coroa imperecível. Não somente Paulo, mas todos e todas que assumem o projeto de Reino de Jesus e sofrem a maldade dos opressores alcançam a glória.

No Evangelho temos tantos elementos: a subida ao monte, lugar de encontro com o sagrado no Antigo Testamento; a ligação de Moisés e Elias com a Lei e os profetas, mostrando o cumprimento que perpassa a história; “este é o meu Filho Amado”, o Deus encarnado. Mas temos também a acomodação dos discípulos, que ficam apenas na contemplação de uma fé pequena demais para os colocar de pé diante da vida e de seus desafios.

Jesus mostra para além da aparência, mostrando quem Ele é em sua condição Divina. A intenção de Jesus era de fazê-los firmes, mas eles não entenderam e se acomodaram. Para os discípulos seria extremamente cômodo ficar ali. “ Se está bom para nós, basta!” É desse jeito que devemos viver?

Também hoje muitos vivem um “cristianismo” sem Cristo ou sem assumir seu projeto libertador. Fazem de tudo, se autojustificam o quanto podem para não viver a Boa Nova do Reino. Um exemplo do que digo é a Campanha da Fraternidade desse ano. O próprio Cristo disse aos discípulos e a nós: “Dai-lhes vós mesmos de comer” e muitos não dão a mínima. Por outro lado, devemos louvar a CNBB por mais esta atitude profética de colocar o dedo na
ferida, conclamando a Igreja do Brasil para um comprometimento em defesa da vida, com o fim da fome. Que esta Campanha suscite muitas iniciativas de enfrentamento ao flagelo da fome! “A fome ofende a dignidade humana”.

Pe. Niraldo Lopes (Comissão Nacional de Assessores e Assessoras da Pastoral da Juventude)

Postagens relacionadas

Leave a Reply

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.