27 de setembro: Dia de São Vicente de Paulo

Vós fostes admiravelmente dedicado aos pobres, ensinai-nos a sermos atentos para com essas realidades. Os nossos irmãos mais fragilizados, dê a eles a graça da salvação e do encontro com Cristo. Dai força aos grupos vicentinos que dão continuidade a vossa obra. Amém!”

            Esta oração, dedicada a São Vicente de Paulo, não só retrata bem o seu legado para com os irmãos menos favorecidos, como também nos provoca para a realidade que, por muitas vezes, ignoramos. São Vicente nasceu de uma família humilde e camponesa, nas periferias da França. Por conta da dura lida, seus pais não tinham condições de arcar com uma boa educação para ele e seus irmãos. Porém, por conta de um benfeitor, o jovem Vicente teve a oportunidade de ingressar em Colégio Franciscano na cidade francesa de Dax, garantindo-lhe não só acesso à uma boa educação, como também o possibilitou a fazer, com apenas 19 anos, os votos para o serviço sacerdotal, na Universidade de Toulouse.

            Logo nas primeiras décadas após sua ordenação, o jovem Vicente teve um contato maior com as realidades que ninguém queria enxergar: fora sequestrado por piratas e vendido como escravo na região da Tunísia. Antes e depois de obter sua liberdade, viu de perto os sistemas de miséria e violação das dignidades humanas que assolavam as irmãs e irmãos menos favorecidos pelos lugares onde passou.

            Entretanto, Vicente fez um gesto diferente dos outros: ao invés de ficar calado e fingir que nada estava ocorrendo, iniciou um trabalho de articulação juntamente com a família Gondi (sobretudo a matriarca da família) e outras colaboradoras e colaboradores. Fundou a Confraria da Caridade, em 1617, e a Congregação da Missão, em 1625. Enquanto que a primeira cuidava da assistência espiritual e corporal aos pobres, a segunda zelava pela evangelização dos camponeses. Pedia aos colaboradores simplicidade nas homilias e pregações, para que o povo pudesse compreender a mensagem, ao mesmo tempo que buscava prover moradia e alimentos para seus assistidos.

            O número de colabores ia aumentando, juntamente com o número de necessitados. Além de ser considerado o patrono da Sociedade São Vicente de Paulo, através da obra de Vicente também surgiram outros grupos e organizações, como as “Filhas da Caridade” e os “Irmãos Lazaristas”.

            Neste dia 27 de setembro, além de exaltar o legado deixado pelo homem declarado santo em 1729, que tenhamos a coragem de nos lançarmos as necessidades e sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs. Mais do que simplesmente colaborar com aquele 1 quilo de alimento todo mês (que também tem a sua importância), é sempre bom estarmos em vigilância quanto aos cenários de vida e morte que nos rodeiam e não nos calarmos quanto a isso. Quantas vezes nos calamos perante aos negacionismos em relação a saúde? Quantas vezes não agimos perante aos maus tratos as irmãs e irmãos que vivem nas ruas e praças? Quantas vezes negamos o próprio Cristo, personificado neste ambientes, fechando-lhe a porta em sua face. Façamos como São Vicente de Paulo, abrindo as portas ao invés de fecha-lá, oferecendo um abraço amigo quando necessário e agindo em defesa da vida dos indefesos, sempre que possível. Embora não seja uma tarefa muito fácil sair do comodismo, é essencial realizar este exercício. Pois na realidade em que nos apresentamos, se calar não é uma opção. Vicente não se calou! E agiu como o bom samaritano que, mesmo sem conhecer o seu próximo, agiu em favor dele. Assim como Jesus perguntou aos que ouviram sua parábola, hoje queremos lhe perguntar: “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? […] Pois vá e faça o mesmo” (Lucas10, 36-37)

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