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Meu bom José: moldando novas masculinidades

 Meu bom José: moldando novas masculinidades

Na data do dia 19 de março celebramos a dádiva da vida de José de Nazaré, o pai adotivo de Jesus Cristo.

Por Denilson Sene e Rillary Carvalho 

Celebrar esse dia é fazer memória da importante trajetória construída por um humilde carpinteiro. Homem trabalhador e justo, que apesar dos poucos relatos sobre a sua identidade, nota-se que, a missão a ele conferida caminha no sentido do cuidado, da afetividade e do amor. Afinal, a missão de ser pai do menino Jesus não seria conferida a ele por acaso, pelo contrário, se direcionou a um homem que evidenciava o contexto de novas relações, das novas masculinidades. 

Quando José descobre a gestação de Maria, ainda com várias dúvidas em sua cabeça, opta pelo cuidado ao repúdio. Cuidado é gesto de amor. Ser pai, sobretudo de um filho não biológico, que não é fruto da gestação do casal, naquela época, iria contra a matriz familiar conservadora, colocando Maria em um lugar de julgamentos.  José se viu dividido em suas inseguranças e medos. Contudo, após um anjo lhe alertar, em um sonho, se mostra disponível e de coração aberto, a abraçar os planos de Deus para a sua vida. Aceitar os desígnios de Deus, nessa situação, significava ir contra uma sociedade patriarcal. José, então, acolhe Maria e entende sua missão: construir e moldar os pilares da Sagrada Família ao lado dela. 

Fugir dos padrões da época (anti-sistema), assim como nos dias de hoje, era sinal de coragem, de resistência. Foram perseguidos. Resistiram! Diante da perseguição, se organizaram e planejaram, juntos, a saída de Nazaré. Como? Quando? Para onde? 

Tais indagações nos provocam, como filhos e filhas, na caminhada conjunta, na perspectiva de novas relações. Pensar novas masculinidades significa ressignificar os pré conceitos do ser homem e do ser mulher impregnados em nosso meio social.

Portanto, questionamos que caminhos estamos trilhando para a construção de uma sociedade justa e igualitária? Como desconstruir o machismo que machuca e mata, homens e mulheres? Que estratégias estamos articulando para combater as imposições de gênero em nossas realidades? Onde queremos chegar? Que chão queremos pisar?

Apesar das diversas dúvidas, José e Maria, conheciam o chão que pisavam, pensaram os caminhos que iriam trilhar e sabiam também, onde queriam chegar. Foram coerentes com aquilo que acreditavam. Deram as mãos e seguiram. Eis a missão. 

Quebrar paradigmas sociais e ir contra um sistema exige estratégia. 

A forma como estamos lidando com as nossas relações são coerentes com o local onde queremos chegar?

Após completarem o percurso, em Belém, nasce o Menino Jesus. Lá estava José, ao lado de sua esposa. 

José de Nazaré exerceu um papel essencial na vida do nosso pequeno Cristo, sendo sua primeira referência masculina. Nosso Príncipe Celeste, desfrutou de uma criação de afeto, com um exemplo de pai amoroso, protetor, justo e  repleto de outras virtudes. José, pai, amigo e esposo, se doou por inteiro, para cuidar da família de Nazaré. Jesus foi criado pelo exemplo do homem que Deus quer que sejamos, aquele que se faz presente afetivamente na vida do filho, que zela e respeita sua companheira. São princípios de uma masculinidade saudável, que devemos semear.

José, usou da carpintaria de sua profissão para moldar e construir bons alicerces de um homem e pai que contempla a boa nova, que fala com sabedoria e ensina com amor. Que sigamos o exemplo deste São José de Nazaré e contemplemos sua vida doada pelo amor.

Que esse tempo quaresmal seja tempo de reflexão, e que nós, a exemplo de São José, nos permitamos ousar, chorar, sorrir, abraçar e construir a tão sonhada Civilização do Amor.

Thiesco Crisóstomo

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