Abertura no Rio de Janeiro da “Campanha” no FSU

Aconteceu no Espaço do Centro Cultural da Ação da Cidadania Contra a Fome, próximo a Praça Mauá, o Fórum Social Urbano (FSU). Ele foi um espaço para troca de experiências e construção coletiva da perspectiva de uma outra cidade: democrática, igualitária, comprometida com a justiça social e ambiental.

O último dia do FSU foi marcado pela realização da atividade de abertura da “Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de jovens” no estado do Rio de Janeiro. A atividade proposta pela Pastoral da Juventude do Regional Leste 1 em parceria com a Pastoral da Juventude Estudantil do mesmo regional foi realizada na sala G das 17h às 19h. Ela foi iniciada com um painel sobre a Campanha, primeiro com a contextualização da realidade juvenil e dos índices de homicídios de jovens feita por Solange Rodrigues, socióloga do Iser Assessoria, depois Ana Marcela da PJE, Articuladora da Campanha no Rio de Janeiro, nos apresentou o histórico de motivação da Campanha nas PJs.

Em seguida, dando prosseguimento a atividade, aconteceu uma mesa de debate com a proposta de envolver todos que participavam da mesma na discussão do tema, também na troca de experiências entre trabalhos contra o extermínio de jovens, e, a partir disso, promover parcerias com outras instituições que estavam presentes. Alguns convidados tiveram breves falas sobre suas experiências. Marina Ribeiro falou da sua experiência como parte do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) pelo IBASE, da luta pela criação do GT de Juventude Negra e das Políticas Públicas para Juventude (PPJs) que tem surgido a partir do CONJUVE como o Prójovem (Urbano, Adolescente, Trabalhador), política ligada a educação, a diminuição do analfabetismo nas regiões metropolitanas de alguns estados do pais e de redistribuição de renda. Robson Leite, educador popular, que faz parte da rede de Pré-vestibulares populares, falou dos problemas da violência em municípios, como Macaé, que teve crescimento populacional muito rápido por conta da instalação das plataformas da Petrobrás sem que a empresa se preocupasse logo com a questão social que vem sendo tratada em alguns projetos da empresa, mas que não dão vazão a atual realidade. Érika, da Pastoral de Favelas, e que fez parte do Comitê de Direitos Humanos da ALERJ, partilhou a experiência de ter um irmão desaparecido por conta de envolvimento com trafico de drogas no nordeste. Foi enfatizando que tenhamos o cuidado com a situação das  famílias que perdem jovens exterminados, os quais não só buscam justiça, mas procuram um pouco da paz e da estabilidade emocional. Ela partilhou também a experiência da mãe de um jovem policial que morreu pouco antes de acabar seu plantão na DP que fica na favela da Maré, e de como devemos pensar no extermínio nas duas linhas: dos jovens que estão nas comunidades envolvidos com o trafico ou não, e também desses jovens policiais que perdem a sua vida.

Seguiram-se a essas falas, algumas partilhas de pessoas que participavam da atividade, muito importantes para pensarmos a realidade da violência e o extermínio de jovens no Rio de Janeiro. Uma jovem psicóloga formada pela PUC-RIO que participou de iniciativas no âmbito social dentro do morro Dona Marta em Botafogo. Uma jovem que participa de movimentos contra a violência contra jovens mulheres e contando das falas de algumas jovens no morro Dona Marta depois da chegada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) que temem os policiais. Também divulgando um livro lançado pela própria comunidade, “Abordagem policial” (disponível no link: http://www.4shared.com/file/246779657/283a0d20/Cartilha_Popular__do_Santa_Mar.html), que conta essa experiência da comunidade com a UPP. Um  senhor lembrou dos jovens que estão no sistema penitenciário e que são exterminados ou sofrem violência dentro dos presídios pela falta de estrutura dos mesmos e das famílias desses jovens que também são vitimas de violência pois praticamente perdem seus filhos, privados das visitas e dos momentos de interação que são dificultados pela estrutura atual do sistema carcerário.

Logo em seguida deu-se uma rodada de conclusões, iniciando com Letícia Viana (CRPJ Leste 1 pela Diocese de Duque de Caxias), que conduzia a mesa e de todos os outros convidados para o painel e o debate.

Ao final, reforçamos a proposta de convite aos outros movimentos presentes que participem e estejam juntos na Campanha e propomos que alguma atividade seja realizada em comum com o dia 23 de julho, dia que se faz memória da Chacina da Candelária. Com isso tudo, temos certeza da união das forças pela causa da vida da juventude e mobilizando assim, mais movimentos para participarem da Campanha.

 

 Agradeço pelo empenho de tantas vozes dispersas até agora! Vamos juntos/as gritar, girar o mundo. Chega de violência e extermínio de Jovens(Pe. Gisley)

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